Sobre o Caminho (III)
"Atravessaram o pinhal e encontraram um campo.
Mas não se via nenhum caminho.
No meio do campo havia uma macieira carregada de maçãs vermelhas, polidas e redondas.
− São lindas! − disse a mulher.
Colheu uma para si e outra para o homem. Sentaram-se os dois nas ervas finas sob a sombra sossegada da árvore e a carne firme, fresca e limpa da maça estalou entre os seus dentes.
Era já o princípio da tarde, e no dia cheio de luz, encostados ao duro tronco escuro e rugoso, descansaram em silêncio, ouvindo só o levíssimo rumor da terra sob o sol.
Depois o homem disse:
− Vamos.
Levantaram-se e seguiram.
Já no extremo daquele campo, junto à sebe que o separava de outro campo, a mulher exclamou:
− Devíamos ter colhido algumas maçãs para trazer. Não sabemos onde estamos, nem quanto teremos de andar até encontrarmos outra vez alguma coisa de comer.
− É verdade − respondeu o homem.
E, voltando para trás, caminharam para a macieira que no meio do campo se desenhava redonda.
Porém, quando chegaram ao pé da árvore, viram que nos ramos, entre as folhas, todos os frutos tinham desaparecido.
− Alguém passou por aqui, passou sem o vermos e colheu as maçãs todas − disse o homem.
− Ah! − exclamou a mulher − tão depressa! Tão depressa desaparece tudo! Encontramos as coisas. Estão ali. Mas quando voltamos já desapareceram."
Sophia de Mello Breyner Andersen, in Contos Exemplares - A viagem; Figueirinhas, 15ª edição; págs 114-115.
Mas não se via nenhum caminho.
No meio do campo havia uma macieira carregada de maçãs vermelhas, polidas e redondas.
− São lindas! − disse a mulher.
Colheu uma para si e outra para o homem. Sentaram-se os dois nas ervas finas sob a sombra sossegada da árvore e a carne firme, fresca e limpa da maça estalou entre os seus dentes.
Era já o princípio da tarde, e no dia cheio de luz, encostados ao duro tronco escuro e rugoso, descansaram em silêncio, ouvindo só o levíssimo rumor da terra sob o sol.
Depois o homem disse:
− Vamos.
Levantaram-se e seguiram.
Já no extremo daquele campo, junto à sebe que o separava de outro campo, a mulher exclamou:
− Devíamos ter colhido algumas maçãs para trazer. Não sabemos onde estamos, nem quanto teremos de andar até encontrarmos outra vez alguma coisa de comer.
− É verdade − respondeu o homem.
E, voltando para trás, caminharam para a macieira que no meio do campo se desenhava redonda.
Porém, quando chegaram ao pé da árvore, viram que nos ramos, entre as folhas, todos os frutos tinham desaparecido.
− Alguém passou por aqui, passou sem o vermos e colheu as maçãs todas − disse o homem.
− Ah! − exclamou a mulher − tão depressa! Tão depressa desaparece tudo! Encontramos as coisas. Estão ali. Mas quando voltamos já desapareceram."
Sophia de Mello Breyner Andersen, in Contos Exemplares - A viagem; Figueirinhas, 15ª edição; págs 114-115.
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