quarta-feira, julho 12, 2006

O seu Amor não existe

Lunata está cansada. Exausta de tudo e de nada.
Atira o corpo para cima da cama e ampara com as costas dos braços as lágrimas que teimam em se soltar. Elas fogem, correm pela minúscula penugem dourada que os cobre, contornam as curvas dos antebraços, e desaguam, maculando-lhes o brilho, nos lençóis brancos de cetim.
Lunata chora a ausência de Demiurgo; a promessa de felicidade que teima em tardar; a esperança de mudança, seja ela o que for.
Chora os passeios no Parque, as mãos dadas, os dedos entrelaçados como raízes, as bocas unidas qual siamesas, as conversas sem fim. Chora as mãos dele nos seus cabelos, segurando-lhe os pensamentos, acalmando-os com o toque, milagroso, dos seus lábios na sua testa. Chora os sorrisos, as discussões acesas, os filmes partilhados, os jantares à luz da vela. Chora o desejo, o sexo e o orgasmo. Chora tudo o que não tem. E que nunca terá.
Demiurgo não existe. Demiurgo, o seu amado, não passa de um personagem inventado por uma eterna descontente.

1 Comments:

Blogger MRA said...

E somos assim, construimos castelos de areia, sonhamos com fadas e duendes. Aspiramos a luz da manhã e voamos de olhos fechados á procura de uma história que nos faça feliz...ainda bem que existem fadas no outro lado do dia...

beijinho

8:58 da manhã  

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