segunda-feira, março 12, 2007

O fardo da vida

Lunata não tem esperança. Não acredita que, um dia, vá ser feliz; que encontrará um homem que a ame (e que se deixe amar por ela); que terá uma vida normal como todas as pessoas normais.
Lunata não tem fé. Perdeu-a, algures, pelo caminho, enquanto tentava crescer e aprendia a amadurecer, nesta sua vida que é eterna – não esqueçamos que é a eternidade, o feitiço deste conto de fadas.
Mas, a eternidade não é condição para o não envelhecimento. E custa saber que anos passam, que se tem quarenta, cem, dois mil anos, que se envelhece por dentro, que se mirra por fora, continuando, relativamente ao fim da vida – que é o infinito – a ser-se sempre criança. Lunata será sempre uma menina. Uma adolescente menina; uma senhora, menina; uma velhinha, menina…
E a pior sentença para alguém imortal, a mais terrível, a mais cruel de todas, é não ter fé; é ter deixado de acreditar. Pois, a vida, torna-se um fardo infinitamente pesado.

4 Comments:

Blogger Fragmentada said...

"A hora mais escura é imediatamente antes do amanhacer."

10:34 da tarde  
Blogger Alda Serras said...

Quantas Lunatas há por aí...

3:56 da tarde  
Blogger Fábula said...

a vida nunca devia ser um fardo... para as meninas e para os outros!

4:16 da tarde  
Blogger Sofia Bragança Buchholz said...

Fragmentada:
Eu diria que é a hora alguns (longos) minutos antes do adormecer.

Bell:
Oh, quantas!!!

Fábula:
Pois, não devia, mas, tantas vezes, o é.

Obrigadas, às três pelos comentários.

11:05 da tarde  

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