sexta-feira, outubro 12, 2007

O Melhor Trunfo (trilogia)

– Ele queria um revolver… mas isso não lhe dou! – concluí, determinada.
– Porquê? – perguntou, ele, em tom ligeiramente provocador.
– É contra os meus princípios, ora!
Ouvi-o dizer à S., ao telefone, como não quer a coisa, que gostava de ter um daqueles sem balas de plástico, sem sons laser, nem nada dessas mariquices; daqueles que parecem verdadeiros, que só fazem o barulho dos tiros…, disse.
– Não vejo qual é o mal em lhe dares um. Não é privando-o, que o demoves da curiosidade pelas coisas; é ensinando-o a lidar com elas – argumentou, assertivamente.
Mas a minha convicção, teimosamente, não me demoveu:
– Que disparate dar armas às crianças! Não, dou, não dou, não dou!
– Tu é que sabes, mas olha que vais perder a oportunidade de ser a melhor tia do mundo… – atirou, ele, derradeiramente, a matar, como quem corta a partida com o trunfo mais valioso...

1 Comments:

Blogger José M. Barbosa said...

"– Não vejo qual é o mal em lhe dares um. Não é privando-o, que o demoves da curiosidade pelas coisas; é ensinando-o a lidar com elas – argumentou, assertivamente."

Pois é. O resto é bem escrito mas ...

Z. Tive a primeira arma aos 11 anos, tenho várias e não ando para aí aos tiros (que se saiba pelo menos).

4:28 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home