segunda-feira, setembro 08, 2008

A Complexa Mente Feminina

Bovary gozava de saúde, tinha bom aspecto; a sua reputação estava solidamente firmada. A gente do campo gostava dele, porque não era orgulhoso. Fazia festas às crianças, nunca entrava no café, e, além disso, inspirava confiança pela sua moralidade (…)
Ema olhava para ele encolhendo os ombros. Porque não teria ela, ao menos, por marido um desses homens de ardores taciturnos que trabalham à noite em livros, e que usam por fim, aos sessenta anos, quando chega a idade do reumatismo, uma insígnia em cruz, na casaca preta, de mau corte? Teria desejado que aquele nome de Bovary, que era seu, fosse ilustre, vê-lo exposto nos livreiros, repetido nos jornais, conhecido por toda a França. Mas Carlos não tinha ambições!
[em “Madame Bovary”; Gustave Flaubert; Colecção "Os Grandes Génios da Literatura Universal"; pág 61]

Inúmeras vezes, ao longo do conhecido romance de Flaubert, a forma como Ema Bovery fala do marido é chocante. Carlos é um bom médico, um bom homem, carinhoso, responsável, excelente marido e pai. Carlos é maçador.
Falta-lhe a filha da putice dos homens que tanto seduz as mulheres.