sexta-feira, julho 15, 2005

CRÓNICAS DA ABELHA MAIA EM MISSÃO HUMANITÁRIA – QUÉNIA: Crónica 5 (cont.)

Hapa Hapa
A saida de casa, novamente interpeladas pelos “beach boys”. So para falar, para nos conhecer. Ali, Ali Baba, capitao de dhow. Rasta, Rasta-baby, outro capitao. Alias, em Lamu sao todos capitaos de dhows... E o cais esta repleto de dows, pequenos barcos com velas triangulares.
Claro esta que passados uns minutos ja estavamos a combinar os pormenores do passeio de barco que iamos fazer no dia seguinte! Por uns miseros shillings garantimos o acesso a um passeio de um dia ao paraiso! A ver...
O sol ja tinha desaparecido. Das lojas saia a luz que iluminava as ruas, muito agitadas, muita gente. Muçulmanos, a maioria. Os homens de “khanzu” (vestido longo branco) ou kanga, com chapéus “kofia” e as mulheres com os bui-bui negros, so com o rosto descoberto.
Sentiamos a cultura swahili que nos rodeava...
Ao virar da esquina, de volta ao cais, um restaurantezinho simpatico. E o marisco? Divinal! O empregado, Satan de nome, um curtido! So o nome ja da para sonhar...
De volta a rua, grande surpresa! O Ali Baba e o amigo, Rasta-Baby! Mas que coincidencia!
La fomos passear, conversar, tomar cha na rua e... mascar mirra. Mas o efeito nao foi o esperado e nao aconteceu nada. Mais tarde viemos a saber que em vez dos 10 gr. que mascamos durante ¼ de hora, eram precisos cerca de 250 gr., durante algumas horas...

Paraiso...
Ao fim de tres dias decidimos fazer-nos a “estrada” e emigrar para Shela, a vila ao lado. Podiamos escolher: de barco, de burro ou a pé pela praia. E decidimos, para evitar os “beach boys”, ir a pé. Cerca de 1 hora a caminhar debaixo do sol, ao meio dia. Muito bem planeado, sim senhora!
A praia, fantastica!
O Indico, quente, calmo...
Pole, pole...
Muitas horas passamos na esplanada do Hotel Peponi. De manhazinha a tomar o cafe, com o mar mesmo aos nossos pés. A tarde a beber cerveja e a ler. A noite a ver as estrelas e a beber o ultimo copo do dia. E a sentir a brisa, que se transformava em vento forte durante a tarde, e voltava a ser uma leve brisa a noite...
Peponi quer dizer paraiso em kiswahili.
É o unico sitio com bebidas alcoolicas em Shela...

Saa ngapi?
Mas que confusao! Assim nao me parece que vou chegar a algum lado.
Na cultura swahili, o dia tem dois periodos de 12 horas. O primeiro comeca com o nascer do sol, as 6:00 TMG.
Em Lamu, acordavamos por volta da 1, saa moja! Ou seja, sete da matina. Um passeio pela praia, um mergulho e, de volta a casa, o pequeno almoco esperava-nos como combinado, as 4:00, saa mne (10:00 ca da nossa terra!).
Depois, de entre todas as inumeras opcoes... ler e adormecer!
Mais uma ida a praia ao fim da tarde, ou seja, por volta das 11, saa kumi na moja (5 da tarde). Depois, bem, depois... ler e... dormir ate a hora de jantar.
Com tanta actividade, nao admira que me sinta perdida no tempo...

Abelha Maia