domingo, novembro 06, 2005

Atenção, atenção...

Porque os pais iam, novamente, estar toda a tarde fora, e ele tinha, novamente, uma festa de aniversário (é sempre bom constatar que os putos hoje em dia têm uma vida social mais activa do que nós, adultos) onde eu o ia buscar, o Simão, ficou comigo, novamente, este domingo.
Para fazermos horas até à hora de jantar, tive a infeliz ideia de sugerir em primeiro lugar uma ida ao shopping, ao que respondeu entusiasmado yesssssssssss, vamos ao Toys`R`Us!, deixando-me sem qualquer hipótese de uma segunda sugestão.
O que eu estava longe de saber é que 99% da população deste país com filhos pequenos, em vez de gastar dinheiro na compra de brinquedos, se desloca aos fins-de-semana às lojas, para que os seus infantes se mantenham entretidos e se possam divertir com tudo aquilo que os seus parcos rendimentos − mínimos − não lhes permitem comprar para lhes oferecer.
Depois de ter parado em todos os carrinhos e apeadeiros, em todos os legos e companhia, em todos pókemons e afins, ou seja, cerca de duas horas mais tarde, estávamos finalmente estoirados e prontos para deixar a loja.
Obviamente, para um miúdo de cinco anos a porta de saída é aquela que está mais perto − e por onde ele possa passar, seja por cima ou por baixo − independentemente de sistemas de segurança, sentido único de abertura, mecanismos de alarme, étecetra, étecetra.
− Simão, não podemos sair por aí… temos de sair pela porta do fundo − Informo.
− Mas tem aqui uma! − Reclama, com voz esganiçada.
− Tem de ser pela outra. Anda − Insisto.
Dou meia volta − como tinha feito até então − esperando que, mais minuto, menos minuto, consoante o grau de interesse do brinquedo que lhe fosse surgindo pelo caminho, ele me seguisse.
Mas qual não é o meu espanto que, quando paro e olho para trás, não o vejo.
Aguardo.
Dou tempo que se desvie da prateleira que o esconde, onde parou, entretido.
Nada.
Chamo. Uma, duas, três vezes.
Nada.
Chamo mais alto. Mais depressa. Mais aflita.
Nada!
Começo a percorrer os corredores da loja, já sem ligar aos berros da minha voz, que gritam o seu nome.
NADA!
Quase em pânico − sim, porque o Simão, assim como o Düss, é perito na arte de desaparecer, tendo sido já protagonista de grandes sustos para aqueles que lhe querem bem − dirijo-me ao balcão mais próximo:
− Menina, por favor, ajude-me, perdi o meu sobrinho!
A avantesma, com a maior calma, interroga-me sobre o seu nome, e, antes que eu pudesse reagir, desata a discursar monocordicamente para um microfone, no mesmo tom de quem anuncia Bingo:
− A-t-e-n-ç-ã-o menino Simão. É favor chegar à r-e-c-e-p-ç-ão.
E antes que pudesse repetir, eu exclareço:
− Oiça, lá. O puto tem cinco anos… o que é que vai dizer a seguir?… que o miúdo que veio na viatura, matrícula XV-56-21, deve, por favor, dirigir-se à caixa de ménage??!!!
Felizmente ele estava mesmo ali, do lado de fora, com ar chateado e cara de quem está farto de
estar à espera.

2 Comments:

Blogger Mi said...

Uhhf...! :-)

4:09 da manhã  
Blogger MRA said...

Sei o que isso é...Dussssss!
Eles realmente matam-nos de susto...

Bejinho

11:19 da tarde  

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