sábado, julho 15, 2006

Mesmo sem alimentar expectativas

Lunata chorava Demiurgo e Demiurgo surge, assim, do nada, do mesmo nada de que Lunata andava exausta:

217 339 Kms - 7 de Julho de 2005
Excerto do diário de Demiurgo

"Um cão escanzelado olha-me. Nada tenho para que ele possa saciar a fome. No entanto, continua a olhar-me mesmo após eu lhe ter mostrado as palmas das minhas mãos vazias. Amigo não empata amigo... e eu não gosto de alimentar expectativas. Mesmo as expectativas caninas. Por isso, perante uns olhos tão doces quanto suplicantes, esforço-me por mostrar a minha impossibilidade. Resignado, o cão deitou-se à sombra entre uma folhagem verde.
Também a mim me apetecia deitar entre folhas verdes e descansar um pouco.
Dói-me a cabeça. O calor sufoca-me. A brisa escasseia.
O cão levantou-se e foi embora. Agora é a minha vez.

Um beijo.

Demiurgo"


Às vezes, mesmo sem alimentar expectativas, basta fechar os olhos e acreditar que as coisas existem. E aí, sim, tem-se tudo. O mesmo tudo de que Lunata anda exausta…