A tatuagem
Foi dar com o Pato Preto, sem gravata, descontraído, parecendo plenamente feliz pela primeira vez, desde que o conhecia. Nas patas uma belíssima tatuagem Mehndi fazia sobressair, ainda mais, o laranja vivo das mesmas. Que bonito está!, exclamou Lunata mentalmente com tal convicção que lhe saiu em som, oralmente, também.
− Obrigado − agradeceu ele orgulhoso, dando uma volta sobre si próprio, para que ela o pudesse mirar melhor − São costumes antigos. Fazem-se, em ocasiões especiais, com hena, no Norte de África, no Médio Oriente e no Sul da Ásia − explicou, esticando muito as patas delicadamente enfeitadas de cima abaixo − Fez-mas um primo acabado de migrar do sul. Um primo berbere! − exclamou, enchendo muito o papo, vaidoso, como que orgulhoso dos seus dizeres.
− E o que faz um primo teu berbere aqui nesta altura do ano? Não é precisamente agora que rumam, vocês, para sul? − Perguntou, ela, intrigada, desconfiada de mais alguma informação que ele lhe estivesse a ocultar.
O Pato Preto tossiu. Um quack seco, engasgado, seguido de mais três que parecerem a Lunata uma gargalhada nervosa.
− Veio para a festa − informou, dando mais uma volta, mas desta vez em torno dela.
− Festa? Mas que festa???
Ele voltou a gracitar. E agora ela teve a certeza que foram gargalhadas. Gargalhadas felizes.
− Vou-me casar, Lunata − E desarmado, com um sorriso babado que lhe agraciou a expressão, acrescentou: − É pata, é marreca, eu sei, mas, caramba, é a mulher da minha vida!
E para Lunata que começava a não acreditar no amor, a vê-lo e a senti-lo escuro como um poço sem fundo, aquilo brilhou como um raio de sol na manhã. Fazia anos que o Pato Preto e a Senhora Pata estavam juntos. Tantos, quantos os que ela os conhecia, o que é o mesmo que dizer, desde sempre. E, queriam eles, ainda, selar para a eternidade (seja lá o que ela for) essa união?! Lunata sorriu. Afinal, sempre era possível!
− Obrigado − agradeceu ele orgulhoso, dando uma volta sobre si próprio, para que ela o pudesse mirar melhor − São costumes antigos. Fazem-se, em ocasiões especiais, com hena, no Norte de África, no Médio Oriente e no Sul da Ásia − explicou, esticando muito as patas delicadamente enfeitadas de cima abaixo − Fez-mas um primo acabado de migrar do sul. Um primo berbere! − exclamou, enchendo muito o papo, vaidoso, como que orgulhoso dos seus dizeres.
− E o que faz um primo teu berbere aqui nesta altura do ano? Não é precisamente agora que rumam, vocês, para sul? − Perguntou, ela, intrigada, desconfiada de mais alguma informação que ele lhe estivesse a ocultar.
O Pato Preto tossiu. Um quack seco, engasgado, seguido de mais três que parecerem a Lunata uma gargalhada nervosa.
− Veio para a festa − informou, dando mais uma volta, mas desta vez em torno dela.
− Festa? Mas que festa???
Ele voltou a gracitar. E agora ela teve a certeza que foram gargalhadas. Gargalhadas felizes.
− Vou-me casar, Lunata − E desarmado, com um sorriso babado que lhe agraciou a expressão, acrescentou: − É pata, é marreca, eu sei, mas, caramba, é a mulher da minha vida!
E para Lunata que começava a não acreditar no amor, a vê-lo e a senti-lo escuro como um poço sem fundo, aquilo brilhou como um raio de sol na manhã. Fazia anos que o Pato Preto e a Senhora Pata estavam juntos. Tantos, quantos os que ela os conhecia, o que é o mesmo que dizer, desde sempre. E, queriam eles, ainda, selar para a eternidade (seja lá o que ela for) essa união?! Lunata sorriu. Afinal, sempre era possível!
© Texto e Foto: Sofia Bragança Buchholz. Reprodução interdita
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