terça-feira, janeiro 30, 2007

Sobre a Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez: Reflexões (III)

Parece ser consenso dos defensores do “sim” e do “não” que as mulheres que recorrem ao aborto vivenciam – carregando-a durante toda a vida – uma situação extremamente traumatizante e não desejada.
Devem, então, as mulheres em risco de a ele recorrerem serem aconselhadas, informadas e acompanhadas no sentido de poderem ser criadas condições para este poder vir a ser evitado. Ora, parece-me que em nada, absolutamente em nada, uma lei que não as condene, que não as culpabilize ainda mais afectará negativamente este processo. Antes pelo contrário: ajudá-las-á a recorrer mais cedo, sem medo e sem vergonha, às entidades competentes para tal.
Por outras palavras, o que defende o “sim”, não exclui o que defende o “não”, se todos se empenharem na implementação de um sistema de aconselhamento e acompanhamento a estas mulheres.
Também parece consenso dos defensores do “não” e do “sim” que o mundo não é perfeito e que haverá SEMPRE quem recorra ao aborto.
Uma lei que permita a estas mulheres, mais uma vez sem medo e sem vergonha, recorrerem a cuidados de saúde dignos, evitará mortes. Se não a do feto e a da mãe – como seria o ideal – pelo menos a da mãe. E, quem sabe, até a deste, se ao passarem por esse aconselhamento e acompanhamento não acabem demovidas do seu propósito.
Por tudo isto: "Sim".