terça-feira, junho 30, 2009

O sepulcro do nosso amor


Pronto, podes apagar-me da tua vida. Estou preparada. Custou-me [tanto!], mas consegui. [Tive de conseguir]. Imprimi todas a nossas “cartas”, todos os nossos “bilhetes-postais”, todas as nossas mensagens. Ordenei-os por datas e uni-os com fitas de seda para que nunca se separem, como gostava de nos ter unido a nós. Juntei-os com os bilhetes das viagens, com as facturas dos restaurantes, com os sabonetes dos hotéis… e guardei-os numa caixa. Encerrei a nossa vida numa caixa de madeira. Um caixão da nossa história. Aquela que nunca ninguém saberá. Aquela que sonhei um dia contar a um filho. Um filho que nunca tive. Que nunca terei. Aquela que morrerá comigo no dia em que me extinguir.
Não tenho jeito para ódios [mesmo que tente]. Não tenho feitio para vinganças [mesmo que faça de conta]. Não tenho forças, simplesmente. Podia dizer-te que sei que [também] sofres, que percebo a tua incapacidade para superares esse estado, que conheço as tuas dores… mas não consigo mais suportar as que elas me trazem. Não consigo mais viver nesta montanha-russa de sentimentos, nesta bipolaridade emocional, de euforias e de silêncios, de amor exacerbado e de indiferença, de abraços e empurrões. Não sei como ajudar quem não admite ajuda. Sei apenas como me proteger a mim. E partir. [Perdoa-me, Meu Amor].

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