Os meus filmes
A atracção pelo abismo
Estranha Sedução (The Confort of Strangers – 1990, dirigido por Paul Schrader) é um filme que nos transporta para um universo de estranhos acontecimentos que acabam da forma mais inesperada.
Baseado no romance homónimo do escritor Ian McEwan, e com Veneza como pano de fundo, retrata as férias de um casal – Mary (Natasha Richardson) e Colin (Rupert Everett) – que são agitadas por o inesperado aparecimento de um excêntrico personagem – Robert (Christopher Walken) – e da sua mulher – Caroline (Helen Mirren).
Mary e Colin buscam nesta viagem as certezas que não têm para a sua relação. Rico em detalhes e pormenores, o filme consegue conduzir-nos na perfeição neste relacionamento, no evoluir da suas dúvidas para certezas, surpreendentemente conseguidas à medida que o sórdido desconhecido Robert se intromete. O comportamento e discurso bizarros deste e da sua mulher fazem, inexplicavelmente à primeira vista, com que o casal se aproxime, que comece a comunicar, que fantasie, que se fortaleça emocional e sexualmente. Ian McEwan cita Cesare Pavese no início do seu livro: “Viajar é uma brutalidade. Força-nos a confiar em estranhos e a perder de vista todo o conforto familiar do lar e dos amigos. Fica-se em constante desequilíbrio (…)” E perante isto, somos levados naturalmente a entregarmo-nos àqueles que melhor conhecemos e em quem mais confiamos.
Contudo, paira no filme um clima constante de desconforto e desconfiança – mas também de atracção e fatalidade – e, como Colin e Mary, apercebemo-nos dos sinais, mas preferimos ignorar o perigo e deixarmo-nos arrastar, fascinados, para o abismo.
Um belíssimo filme, assim como o livro – um dos meus preferidos do autor –, que pode ser visto em vídeo ou integralmente no Youtube.
[Publicado originalmente na secção de cultura do portal "Geração C"]
Estranha Sedução (The Confort of Strangers – 1990, dirigido por Paul Schrader) é um filme que nos transporta para um universo de estranhos acontecimentos que acabam da forma mais inesperada.
Baseado no romance homónimo do escritor Ian McEwan, e com Veneza como pano de fundo, retrata as férias de um casal – Mary (Natasha Richardson) e Colin (Rupert Everett) – que são agitadas por o inesperado aparecimento de um excêntrico personagem – Robert (Christopher Walken) – e da sua mulher – Caroline (Helen Mirren).
Mary e Colin buscam nesta viagem as certezas que não têm para a sua relação. Rico em detalhes e pormenores, o filme consegue conduzir-nos na perfeição neste relacionamento, no evoluir da suas dúvidas para certezas, surpreendentemente conseguidas à medida que o sórdido desconhecido Robert se intromete. O comportamento e discurso bizarros deste e da sua mulher fazem, inexplicavelmente à primeira vista, com que o casal se aproxime, que comece a comunicar, que fantasie, que se fortaleça emocional e sexualmente. Ian McEwan cita Cesare Pavese no início do seu livro: “Viajar é uma brutalidade. Força-nos a confiar em estranhos e a perder de vista todo o conforto familiar do lar e dos amigos. Fica-se em constante desequilíbrio (…)” E perante isto, somos levados naturalmente a entregarmo-nos àqueles que melhor conhecemos e em quem mais confiamos.
Contudo, paira no filme um clima constante de desconforto e desconfiança – mas também de atracção e fatalidade – e, como Colin e Mary, apercebemo-nos dos sinais, mas preferimos ignorar o perigo e deixarmo-nos arrastar, fascinados, para o abismo.
Um belíssimo filme, assim como o livro – um dos meus preferidos do autor –, que pode ser visto em vídeo ou integralmente no Youtube.
[Publicado originalmente na secção de cultura do portal "Geração C"]
1 Comments:
Concordo totalmente. Bonito blogue. Bj
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