segunda-feira, julho 04, 2005

A tristeza não é proporcional à idade

Hoje andei a mexer no passado.
Encontrei um dos meus diários, um caderninho pautado com uma fotografia, na capa, de uns jeans com um bolso descosido, muito "naices" como teria eu, seguramente, pensado (e - mal - escrito) na altura.
No dia oito de Janeiro do ano de mil novecentos e oitenta rezava assim:
"Querido Diário,
Então como é que foi essa passagem de ano? A minha foi uma seca, passei-a em casa… e com os meus pais a chatearem-me! Sabes, ainda há pouco ouvi uma música que me fez recordar as férias grandes do ano que passou. Senti-me com tantas saudades do tempo do calor! Penso que se agora é assim − ter saudades de algumas coisas que passaram − como será quando tiver, para aí, quarenta anos?! Acho que é triste envelhecer. Acho que a partir dos dez anos, cada três anos deviam contar como um. Deve ser tão triste chegar a velho e recordar o que se passou para trás…"

Palavras sábias essas de, a partir dos dez, os anos contarem apenas de três em três. Estaria eu agora no apogeu dos meus dezanove, fresquinha como uma alface, e com o futuro todo à minha frente, caramba!

Quanto a ser triste chegar a velho − especialmente quando essa “velhice” é aos quarenta − felizmente, minha cara Adolescente, enganaste-te redondamente! Não fossem as dores nas “cruzes” [e, claro, o aumento substancial do vocabulário de inglês] diria que, o que sentimos ao olhar para trás nesta altura da vida ou aos treze anos, é mais ou menos igual. Afinal, quer tenhamos treze, trinta ou cento e três… não passamos de umas crianças (indefesas?) e de nos sentirmos como tal.

(1.07.2005)