CRÓNICAS DA ABELHA MAIA EM MISSÃO HUMANITÁRIA – QUÉNIA: Crónica 6 (cont.)
Pavement
Antes que chegassem as visitas, o contacto radio das 8:00. Fiquei a saber que o chefe de missao teve que partir para Paris com o Coordenador Médico e o Responsavel Logistica algures na Libéria, em férias, la me meti a caminho, para tentar apanhar o aviao das 4:30 em Kisumu. As 6:00 ja estava em Nairobi, para o que desse e viesse...
Alguns dias mais tarde um telefonema do Burundi. Era a Casey, uma canadiano-americana que viveu alguns anos em Portugal. Parte da equipa que estava no Norte do Burundi vinha a caminho de Nairobi. A casa onde estavam, em Kayanza, foi apanhada mesmo no meio dos confrontos entre o exército e os rebeldes. Por isso, depois de uma noite passada no chao do corredor resolveram evacuar para Ngozi, mais calmo. Logo na 1a noite foram assaltados. Um grupo de homens armados até aos dentes, com uniformes do exercito, entrou pela casa dentro, ameaçaram-nos, levaram tudo o que parecia valioso, fecharam os 10 voluntarios no quarto de banho e foram embora. Nova evacuaçao, desta vez para Bujumbura, a capital, e com destino a Nairobi.
Chegaram a minha casa por volta das 6:00 da tarde. Cada um pior que o outro. Mal humorados, nervosos, a falar sem parar, ansiosos. Pudera!
Depois de um banho refrescante e de um jantar à luz das velas no restaurante italiano, tudo luxos que ja tinham esquecido, fomos dançar! Mas desta vez nao os levei ao Ndambolo. Nao, fomos à discoteca “in”, ao Pavement.
O Pavement é um sitio no minimo estranho. Metade dos presentes sao brancos e a outra metade sao indianos. Tudo gente com bastante dinheiro para “beber”. E muito tecno, cada vez mais duro. Uma americana loira, cabelo comprido oxigenado, cerca de 50 anos, ou mais, baixa, com sapatos de tacao alto e uns calçoes muito mini, com um telemovel pendurado no cinto. Das vezes que estive no Pavement encontrei-a sempre. A dançar no palco, sempre. No mesmo canto, do lado direito, por tras das colunas, sempre o mesmo grupo de bichas, muito bichas! Desta vez estava também um negro muito gordo e muito grande, com uma tunica branca e muitos colares dourados. Os dedos cobertos de anéis! Parecia um sultao rodeado dos seus subditos. E todos a dançar tecno!
Bem, depressa nos alheamos do que nos rodeava. Depois de algumas cervejas, concentramo-nos em nos. Eles dançaram até nao poder mais.
Fomos para casa, ver o sol nascer e falar dos acontecimentos dos ultimos dias.
No domingo, depois de dormir quase todo o dia, ja estavam mais calmos. Tinham exorcizado o mal...
Abelha Maia
Antes que chegassem as visitas, o contacto radio das 8:00. Fiquei a saber que o chefe de missao teve que partir para Paris com o Coordenador Médico e o Responsavel Logistica algures na Libéria, em férias, la me meti a caminho, para tentar apanhar o aviao das 4:30 em Kisumu. As 6:00 ja estava em Nairobi, para o que desse e viesse...
Alguns dias mais tarde um telefonema do Burundi. Era a Casey, uma canadiano-americana que viveu alguns anos em Portugal. Parte da equipa que estava no Norte do Burundi vinha a caminho de Nairobi. A casa onde estavam, em Kayanza, foi apanhada mesmo no meio dos confrontos entre o exército e os rebeldes. Por isso, depois de uma noite passada no chao do corredor resolveram evacuar para Ngozi, mais calmo. Logo na 1a noite foram assaltados. Um grupo de homens armados até aos dentes, com uniformes do exercito, entrou pela casa dentro, ameaçaram-nos, levaram tudo o que parecia valioso, fecharam os 10 voluntarios no quarto de banho e foram embora. Nova evacuaçao, desta vez para Bujumbura, a capital, e com destino a Nairobi.
Chegaram a minha casa por volta das 6:00 da tarde. Cada um pior que o outro. Mal humorados, nervosos, a falar sem parar, ansiosos. Pudera!
Depois de um banho refrescante e de um jantar à luz das velas no restaurante italiano, tudo luxos que ja tinham esquecido, fomos dançar! Mas desta vez nao os levei ao Ndambolo. Nao, fomos à discoteca “in”, ao Pavement.
O Pavement é um sitio no minimo estranho. Metade dos presentes sao brancos e a outra metade sao indianos. Tudo gente com bastante dinheiro para “beber”. E muito tecno, cada vez mais duro. Uma americana loira, cabelo comprido oxigenado, cerca de 50 anos, ou mais, baixa, com sapatos de tacao alto e uns calçoes muito mini, com um telemovel pendurado no cinto. Das vezes que estive no Pavement encontrei-a sempre. A dançar no palco, sempre. No mesmo canto, do lado direito, por tras das colunas, sempre o mesmo grupo de bichas, muito bichas! Desta vez estava também um negro muito gordo e muito grande, com uma tunica branca e muitos colares dourados. Os dedos cobertos de anéis! Parecia um sultao rodeado dos seus subditos. E todos a dançar tecno!
Bem, depressa nos alheamos do que nos rodeava. Depois de algumas cervejas, concentramo-nos em nos. Eles dançaram até nao poder mais.
Fomos para casa, ver o sol nascer e falar dos acontecimentos dos ultimos dias.
No domingo, depois de dormir quase todo o dia, ja estavam mais calmos. Tinham exorcizado o mal...
Abelha Maia
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