Enganando a idade
Lunata sabia que lhe faria mal mas, mesmo assim, aceitou o convite para se encontrar com Demiurgo. Sabia que, como nos dias após as festas, sentiria no dia a seguir a ressaca da solidão, o nó no estômago, o aperto na garganta a roçar o vómito, mas falou-lhe mais alto a vontade do que a razão e, foi.
Em lugar da charret, da brilhantina e do monóculo, viu-o chegar de descapotável, de cabelo solto e óculos escuros. Em vez do paletó, encontrou-o bonito, de calças de ganga e t-shirt estampada. A substituir os botões de punho e o relógio de bolso, estranhou-lhe a pulseira no pulso, a tatuagem no tornozelo e o piercing, pequenino, no sobrolho.
Viu-o correr pela praia, fazer flexões, mergulhar de rompante nas águas geladas do Atlântico. E pareceu-lhe feliz, assim, a enganar a idade.
Lunata perguntou-se, então, se lhe bastaria a ela, também, apenas aquilo para se sentir feliz.
© Sofia Bragança Buchholz, 2006. Reprodução interdita.
Em lugar da charret, da brilhantina e do monóculo, viu-o chegar de descapotável, de cabelo solto e óculos escuros. Em vez do paletó, encontrou-o bonito, de calças de ganga e t-shirt estampada. A substituir os botões de punho e o relógio de bolso, estranhou-lhe a pulseira no pulso, a tatuagem no tornozelo e o piercing, pequenino, no sobrolho.
Viu-o correr pela praia, fazer flexões, mergulhar de rompante nas águas geladas do Atlântico. E pareceu-lhe feliz, assim, a enganar a idade.
Lunata perguntou-se, então, se lhe bastaria a ela, também, apenas aquilo para se sentir feliz.
© Sofia Bragança Buchholz, 2006. Reprodução interdita.
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