Em 1878 como, hoje, em 2006 (II)
E ficou, tristemente, reflectindo.
− É o que tenho junto para umas botinas de gáspea!
Eram o seu vício, as botinas. Arruinava-se com elas: tinha-as de duraque com ponteiras de verniz, de cordovão com laço, de pelica com pespontos de cor, embrulhadas em papéis de seda, na arca, fechadas − guardadas para os domingos!
…
E como perdera a esperança de se estabelecer, não se sujeitava ao rigor de economizar: … e satisfazia o seu vício − trazer o pé catita. O pé era o seu orgulho, a sua mania, a sua despesa. Tinha-o bonito e pequenino.
− Como poucos − dizia ela. − Não vai outro ao Passeio!
E apertava-o, aperrava-o; trazia vestidos curtos, lançava-o muito para fora. A sua alegria era ir aos domingos para o Passeio Público, e ali, com a orla do vestido erguida, a cara sob o guarda-solinho de seda, estar a tarde inteira na poeira, no calor, imóvel, feliz − a mostrar, a expor o pé!"
[Em "O Primo Bazilio", de Eça de Quiróz, Edições Livros do Brasil, págs 74 e 83]
Como eu, como ela e como ela, também Juliana, a criada, em “O Primo Bazilio”, de Eça de Queiroz, tinha um “fetiche” por eles:
Floral Satin Sandal by Monolo Blahnik− É o que tenho junto para umas botinas de gáspea!
Eram o seu vício, as botinas. Arruinava-se com elas: tinha-as de duraque com ponteiras de verniz, de cordovão com laço, de pelica com pespontos de cor, embrulhadas em papéis de seda, na arca, fechadas − guardadas para os domingos!
…
E como perdera a esperança de se estabelecer, não se sujeitava ao rigor de economizar: … e satisfazia o seu vício − trazer o pé catita. O pé era o seu orgulho, a sua mania, a sua despesa. Tinha-o bonito e pequenino.
− Como poucos − dizia ela. − Não vai outro ao Passeio!
E apertava-o, aperrava-o; trazia vestidos curtos, lançava-o muito para fora. A sua alegria era ir aos domingos para o Passeio Público, e ali, com a orla do vestido erguida, a cara sob o guarda-solinho de seda, estar a tarde inteira na poeira, no calor, imóvel, feliz − a mostrar, a expor o pé!"
[Em "O Primo Bazilio", de Eça de Quiróz, Edições Livros do Brasil, págs 74 e 83]
Como eu, como ela e como ela, também Juliana, a criada, em “O Primo Bazilio”, de Eça de Queiroz, tinha um “fetiche” por eles:
Assim, está visto, independentemente da época, da classe social, do rendimento, ou do nível cultural, do que nós, mulheres, gostamos mesmo, aquilo por que nós, verdadeiramente, perdemos a cabeça (desenganem-se os homens a pensar que é por eles!) são, sem dúvida, os sapatos!
1 Comments:
Esses são mesmo giros!
Enviar um comentário
<< Home