quarta-feira, novembro 15, 2006

Carta de Demissão

Meu Amor,

Vou desistir, esquecer o teu cheiro, rasgar as tuas cartas, libertar-me de ti.
Não te voltarei a ver ou ouvir, saber de ti ou imaginar-te.
Arrancar-te-ei da minha vida.
Não consigo mais jogar este jogo, complexo, difícil, doentio, em que outras me ganham nas partidas, me batem aos pontos, peritas em elaboradas artimanhas ou simples truques infantis e onde só tu, Meu Amor, és vencedor.
Demito-me desta minha função principal, a de lutar por ti, a de empenhar-me a tempo inteiro, arduamente, trabalhando sem descanso, todos os dias, fins-de-semana e feriados, na impossível tarefa que é salvar o nosso amor.
Cessarei funções hoje, aqui, agora, Meu Amor, despedindo-me (pela primeira vez, em muito tempo) com auto-estima e consideração (por mim), assinando o meu nome antes do teu, riscando − mesmo que a letra tremida e pequenina − determinada, para sempre, o teu do meu coração.