segunda-feira, setembro 03, 2007

O Embate

– E Pára-quedismo gostavas? – a pergunta dele fê-la suspeitar um desafio, um convite, talvez.
– Ah, adorava! – exclamou ela que todos conheciam por desejar profundamente ter asas para voar.
Ele refreou o entusiasmo do tom de voz inicial e explicou-lhe, conhecedoramente, as etapas de tão fascinante actividade. Depois retirou-lhe, assim, sem mais, nem menos, inconscientemente, o pára-quedas, com a seguinte afirmação:
– A partir dos trinta e cinco, os ossos são bastante mais frágeis e o risco de fracturas muito maior… não é um desporto adequado para ti.
Ela ficou pensativa, a flutuar no vago, com a excitação da ideia anterior embasbacada num sorriso amarelo. Por segundos visualizou-se numa aterragem atabalhoada. Dolorosa. E não foi a força da gravidade que a fez embater violentamente no solo: foi o fardo da consciencialização dos seus quarenta anos de existência.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Temos (note p.f. que não digo "resta-nos") que ver o lado positivo da coisa: a avaliar pela idade dos pilotos da Red Bull Air Race, 40 anos (que também já os tenho) podem não ser ideais para a prática de pára-quedismo mas dão-nos "asas" para outros voos... ;) n.

8:18 da manhã  
Blogger Sofia Bragança Buchholz said...

Ora, aí está! Muito bem visto N.! ;-)

2:35 da manhã  

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