sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Esclarecimento

Ora, chega uma mulher de umas curtas férias (sim, uma MULHER, porque se dúvidas existiam, bastaria uma simples pesquisa na net para se chegar a este, este, este ou este link que o provam) e dá de caras com este texto do João Villalobos, onde é posta em causa a sua identidade e género.
Quanto à primeira, permitam-me que esclareça uma coisa: sou absolutamente adversa ao anonimato na blogosfera. Vejo-a como um meio de comunicação sério e como tal, a sua credibilidade seria impensável se os seus intervenientes fossem encapuçados desconhecidos. Por outro lado, o anonimato sob um pseudónimo seria inimaginável no meu caso, quanto mais não fosse, por questões práticas: era incapaz de deixar desprotegidos de direitos de autor textos que sei de antemão que serão publicados em livro.
Quanto à segunda questão, a dúvida de género do blogger, se a memória não me falha, já a delicada e feminina Carla, no inicio da sua existência blogosferica, se deparou com este mesmíssimo problema: ser confundida com um homem. Pergunto-me o que faz a blogosfera fazer este tipo de interpretação. O facto de se postar fotografias de mulheres bonitas? (É exclusivo masculino esta ode à beleza?) O tipo de humor utilizado? A ideia preconceituosa de que as mulheres só falam de coisas fúteis e nunca de politica ou economia? Pois, não faço ideia!
Deduz o João Villalobos que não posso ser mulher quando afirmo que os meus melhores amigos são homens, visto esta ser “uma impossibilidade técnica”. Afirma ainda, que este tipo de amizade é impossível, uma vez que acabaria, inevitavelmente, em envolvimento sexual. Meu caro amigo, prendendo-se a esse, sim, puídíssimo cliché, não poderia estar mais errado! Eu sou a prova viva de que essa impossibilidade técnica não existe! Nem todos os homens são – eternos – “bichos papões”, e se, de início, até podem manifestar a sua inata natureza predadora, quando se apercebem de que é em vão a sua tentativa de caça e de que a sua potencial presa pode ser uma divertida e inteligente aliada, afastam-se desta tentativa e tornam-se interessantes amigos. Lamento, sinceramente, por quem nunca partilhou esta enriquecedora experiência.
Quanto à adjectivação que fiz das mulheres, não se trata de um insulto nem, obviamente, de uma lei universal. É – como acontece em todas as crónicas – apenas uma opinião. Umas a negarão convictamente, outras a renunciarão conscientes do contrário, outras, com mais sentido de humor, como eu, a admitirão: a nossa natureza emocional (atrever-me-ia a dizer, superior, mas sei que isso daria mais pano para mangas) faz com que sejamos assim: elaboradas e complexas, complicadas, cheias de defeitos. Não estou com isto a afirmar que a natureza masculina está isenta deles, sendo um poço de virtudes. Nada disso. Nem que a amizade entre géneros é coisa pacifica. (Preciosa, sim, mas não pacifica!) Antes pelo contrário, e a própria crónica remete-nos para aqui: para a dificuldade de comunicação entre eles (mas para saberem mais terão de a ler até ao fim na Revista Atlântico de Fevereiro).
Ora, neste sentido [e, também, naquele, particular, a que o João se refere, da incredulidade da fêmea face aos argumentos do macho se ousar desmentir as palavras de desdém dela para com a sua espécie] concordo, sim, que uma mulher, por mais amiga que seja de um homem, jamais conseguirá fazer parte “da irmandade da pilinha”.