domingo, maio 11, 2008

Fugir ao trabalho

O que mais me aborrece, quando tenho de trabalhar em casa, é que despendo mais energias na tarefa de fugir ao mesmo, do que a que seria necessária para o realizar.
Vejamos:

Preparo meticulosamente o ambiente à minha volta, rodeio-me dos dossiers e dos livros necessários, sento-me, ligo o portátil e … leio todos os meus blogs favoritos! Aproveito e dou também uma olhadela àqueles que nem gosto por aí além. Depois, levanto-me para ir buscar bolachas; é que, entretanto, já passaram duas horas e o meu estômago começa a ressentir-se. Em vez de duas, como seis, para adiar o timming em que tenho de olhar para a tal papelada. Finalizadas as bolachas (sim, porque acabou por ir à vida o pacote inteiro) decido que tenho de responder àqueles mails urgentíssimos que há mais de dois meses esperam na caixa do correio. Lá vai mais uma hora e meia nisto, intercalada com idas à casa de banho, telefonemas atendidos e feitos, e o stress do objectivo não cumprido a fazer-se acumular.
Quatro horas depois já não consigo estar sentada da cadeira. Dói-me a cabeça, as costas e concentrar-me é impossível. É urgente libertar energias. Decido ir correr. Visto umas calças de fato de treino, calço umas sapatilhas e é ver-me arfar pela marginal fora, num
jogging desenfreado.
Chego a casa exausta, suada e esfomeada e pela ordem inversa satisfaço estas três necessidades: lancho demoradamente, tomo um longo banho, e deito-me no sofá onde acabo por adormecer.

Acordo, já lá fora é noite escura, dorida e mal-humorada, em pânico com a minha improdutividade. A posição em que adormeci foi a pior e o trabalho espera-me ainda intacto. Bolas! Preciso de jantar!
Ligo a televisão enquanto como, e distraio-me com os telejornais de todos os canais; são onze da noite quando me sento novamente em frente do computador e abraço finalmente o trabalho porque sei que a meta final – a recompensa – está próxima: ir para a cama, daí a nada (mas, entretanto, aproveito, ainda, para escrever esta crónica).

[Publicada também
aqui]

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E fez (e escreveu) muito bem!... E não foi bem melhor assim?...

9:35 da manhã  
Blogger José M. Barbosa said...

E fez muito bem. A crónica é muitíssimo interessante pelas várias leituras que tem, todas verdadeiras.

Z.

11:28 da tarde  
Blogger Gregócio said...

Que rico déjà vu!

Afinal não sou único... :)

8:52 da tarde  

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