Porque é que eu não entendo os homens e as mulheres são umas chatas?!
Amigos homens
Os meus melhores amigos são homens. Neles – em dois ou três, note-se – confio os meus segredos mais íntimos. Aprecio no sexo oposto o companheirismo, a franqueza e a boa disposição. Acima de tudo, a ausência da “complicação feminina”. As mulheres são seres elaborados, complexos, sensíveis e consequentemente falsas, matreiras, invejosas. Estendem o ombro às amigas para logo em seguida, quando lhes convém, as crucificarem. Convidam-nas à confissão para, mais tarde, lha atirarem à cara. São ardilosas, rebuscadas, perigosas. Tramadas com o mesmo sexo! Guardam trunfos e nunca, mas mesmo nunca, os esquecem. Mulher que me esteja a ler e que já trabalhou com outras mulheres que me desminta, agorinha, se isto não for verdade. Os homens, não, são simples, pragmáticos, objectivos.
Mas dizia eu, adoro a “descomplicação” masculina. Pelo-me por um jantar a dois em que, depois do repasto, ficamos sentados a conversar, cuspindo, refasteladamente, o fumo de um bom charuto (o deles, porque o meu é sempre imaginário) falando de trabalho, da vida… de gajas. Este é um tema que aprecio particularmente com os meus interlocutores masculinos. Gosto de lhes ensinar os truques da mente – rebuscada – feminina. Digo-lhes o que devem fazer para conquistar esta ou aquela rapariga por quem manifestam interesse; passo horas com eles no hi5 a pesquisar sobre elas, a estudar-lhes os ângulos nas desfocadas fotos; comento-lhes o porte, o estilo, as habilitações literárias; dou-lhes dicas para um primeiro encontro. O problema surge precisamente aqui, quando a personagem em questão deixa de ser virtual e resolvem apresentar-ma. É que onde eles, geralmente, vêem beleza e elegância, eu vejo volume e banhas; onde eles vêem charme e classe, eu vejo vulgaridade e parolice; e onde eles vêem inteligência e simpatia, eu vejo que eles não estão a pensar com a cabeça certa.
E depois, quando já na ausência dela me pedem, ansiosamente, a opinião e lhes digo, “de homem para homem”, com toda a sinceridade – que é assim que deve ser entre machos – o que penso, olham-me de lado, sorriem maliciosamente e dizem-me com a maior das latas – os ingratos! – que estou com ciúmes. Ciúmes, eu?! Ora, bolas, vá lá a gente entender estes gajos (e eles entenderem-nos a nós)!
Sofia Bragança Buchholz
Crónica publicada na Revista Atlântico de Fevereiro de 2008
Os meus melhores amigos são homens. Neles – em dois ou três, note-se – confio os meus segredos mais íntimos. Aprecio no sexo oposto o companheirismo, a franqueza e a boa disposição. Acima de tudo, a ausência da “complicação feminina”. As mulheres são seres elaborados, complexos, sensíveis e consequentemente falsas, matreiras, invejosas. Estendem o ombro às amigas para logo em seguida, quando lhes convém, as crucificarem. Convidam-nas à confissão para, mais tarde, lha atirarem à cara. São ardilosas, rebuscadas, perigosas. Tramadas com o mesmo sexo! Guardam trunfos e nunca, mas mesmo nunca, os esquecem. Mulher que me esteja a ler e que já trabalhou com outras mulheres que me desminta, agorinha, se isto não for verdade. Os homens, não, são simples, pragmáticos, objectivos.
Mas dizia eu, adoro a “descomplicação” masculina. Pelo-me por um jantar a dois em que, depois do repasto, ficamos sentados a conversar, cuspindo, refasteladamente, o fumo de um bom charuto (o deles, porque o meu é sempre imaginário) falando de trabalho, da vida… de gajas. Este é um tema que aprecio particularmente com os meus interlocutores masculinos. Gosto de lhes ensinar os truques da mente – rebuscada – feminina. Digo-lhes o que devem fazer para conquistar esta ou aquela rapariga por quem manifestam interesse; passo horas com eles no hi5 a pesquisar sobre elas, a estudar-lhes os ângulos nas desfocadas fotos; comento-lhes o porte, o estilo, as habilitações literárias; dou-lhes dicas para um primeiro encontro. O problema surge precisamente aqui, quando a personagem em questão deixa de ser virtual e resolvem apresentar-ma. É que onde eles, geralmente, vêem beleza e elegância, eu vejo volume e banhas; onde eles vêem charme e classe, eu vejo vulgaridade e parolice; e onde eles vêem inteligência e simpatia, eu vejo que eles não estão a pensar com a cabeça certa.
E depois, quando já na ausência dela me pedem, ansiosamente, a opinião e lhes digo, “de homem para homem”, com toda a sinceridade – que é assim que deve ser entre machos – o que penso, olham-me de lado, sorriem maliciosamente e dizem-me com a maior das latas – os ingratos! – que estou com ciúmes. Ciúmes, eu?! Ora, bolas, vá lá a gente entender estes gajos (e eles entenderem-nos a nós)!
Sofia Bragança Buchholz
Crónica publicada na Revista Atlântico de Fevereiro de 2008
3 Comments:
Mas tinha de ser assim mesmo!!!
Porquê? Porque a autora é mulher e os seus interlocutores homens!
Simples, não é?
Tão simples e verdadeiro! Acho que no fundo da questão está sempre um valor supremo: A honestidade!
Parabéns, pelo texto e pelo blog, um dos melhores, sem dúvida!
Não posso deixar de comentar, desta vez a sério. É do seu melhor e do melhor que tenho lido na esfera. Na linha de... deixa cá ver ... (cóf, cóf, cóf ........)
... é mesmo muito bom.
O divertidíssimo incluído.
Excelente !!!
Abraço,
Zé.
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