sexta-feira, dezembro 05, 2008

Eterna Calvino

Estou a ler o livro “Fábulas e Contos”, escrito por Italo Calvino que depois de limadas as partes mais violentas – este tipo de narrativas nunca foi, inicialmente, para crianças – debito ao Simão. Às vezes, como hoje, lá me esqueço, e deixo escapar uma cena mais cruel, alguém cuja cabeça espetada num pau a rainha ordenou colocar à porta da cidade para ameaçar, como exemplo, quem lhe repetisse os feitos.
Ele escuta-me atento, pergunta-me pormenores, desvaloriza-me as falhas (como a desta noite: assegurou-me que já sabia que antigamente se fazia isso aos inimigos) e desculpa-me os esquecimentos. Frequentemente, não me lembro dos finais das histórias e a meio começo a adverti-lo de tal. Ele não me desencoraja, não zomba da minha fraca memória, não me ridiculariza a falta de jeito para as contar. Antes pelo contrário, incentiva-me a continuar e faz-me sentir tão importante como o brilhante autor das mesmas: “Não faz mal. Não pares. Se não souberes o fim, tu sabes como o inventar!

1 Comments:

Blogger mfc said...

A capacidade de imaginar é um sinal que tudo (ou quase tudo...) está bem.

7:48 da tarde  

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