segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Continuo a sonhar com África

© Foto: ? / Na foto: Laetitia Casta

Recebo um SMS de África. Na Mauritânia, um amigo meu janta em casa do seu guia, com a família deste. Sentados no chão sobre almofadas, comem um cabrito [fantástico] com arroz frito. “Primeiro comem-se tâmaras com natas; depois o cabrito; só depois, então, o arroz. Tudo com as mãos e da mesma travessa”, diz.
Falam de escravatura e ouvem música árabe. O pai do seu guia é berbere. Tem cinco mulheres e dezasseis filhos. Pertencem-lhe cinquenta escravos. A escravatura foi abolida oficialmente em 1980, mas continua a existir. “A maior parte dos escravos prefere continuar assim porque tem comida e tecto. E não são espancados”, informa-me.
Imagino-me ali sentada. Entre o filho e o pai do guia, de dedos gordurosos e paladar satisfeito. Oiço a música que toca. Sinto o cheiro seco da terra árida invadir-me as narinas. As cores ocres da paisagem consolam-me a vista. Tenho os sentidos em alerta. Estou em África!

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