quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Ambientes: O Glamour Europeu


A 4 de Outubro de 1883, a Europa rejubilava com o aparecimento do Orient-Express, um glamouroso comboio que partia de Paris com destino a Constantinopla (hoje, Istambul, na Turquia). Foi considerado um dos comboios mais luxuosos do mundo, com passageiros que iam desde burgueses milionários até membros da mais alta aristocracia europeia.
Mas este entusiasmo não chegou a durar um século, pois as duas grandes guerras destruíram parte dos seus vagões e a linha foi gradualmente desactivada. Aliás, desde a sua inauguração que a sua rota foi alterada diversas vezes, fosse por questões de logística, ou por questões políticas.
Graças ao empresário James B. Sherwood, que comprou alguns vagões originais e investiu milhões de dólares no seu restauro, surge, em 1982, novamente no cenário europeu uma variante do original Orient-Express. Nesse ano, entra em funcionamento o requintado Venice Simplon Orient-Express (VSOE), sendo o seu trajecto principal feito entre Londres, Paris e Veneza (existindo, contudo, ainda outros percursos alternativos).
A configuração habitual do Venice Simplon Orient-Express é composta por dezassete carruagens, mais a locomotiva: são onze carruagens-cama, três carruagens-restaurante, uma carruagem piano-bar e duas carruagens para tripulação e serviço. As áreas públicas situam-se no centro da composição e as carruagens-cama nos seus extremos. Estas têm lavabos, mas as casas-de-banho encontram-se no exterior.
Cada composição é individualizada pela sua – belíssima, diga-se – decoração única, da autoria de famosos designers do período Deco: Lalique, Dunn, Maple, Morrison, Nelson, Prou.
As refeições a bordo deste comboio são inesquecíveis. Todos os pratos são cuidadosamente confeccionados por cozinheiros franceses, com os mais delicados e frescos ingredientes e servidas nos “Restaurant Cars”. Um dos mais conhecidos, o "Lalique", foi construído em 1929 e decorado ao estilo "Côte d’Azur" por René Lalique.
Enfim, são cerca de trinta horas de viagem, numa atmosfera a fazer lembrar a que nobres, intelectuais, lordes, diplomatas e burgueses abastados viveram no passado. Para mim, apenas um senão: mesmo sendo pouco mais de um dia de viagem, o facto das casas de banho não terem chuveiros.

[Postado também aqui]

1 Comments:

Blogger José M. Barbosa said...

Bem observado.
Por essa mesma razão era incapaz de me meter em semelhante possidonisse.

Quando viajo prescindo do luxo (nem sempre é possível sobretudo no norte de África e no médio/extremo oriente) mas não prescindo do conforto.

Z.

1:48 da manhã  

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