terça-feira, abril 22, 2008

A Apanhada

Na foto: Adriana Lima; © Foto: ?

Há três mil, duzentos e sessenta e seis dias que, de olhos vendados, conto, enquanto te escondes.
Percorres, calmamente, a minha vida, sem pressas, abrigas-te descontraidamente no meu armário – nesse onde guardo os esqueletos –, debaixo do meu tecto, sob os meus lençóis. Finjo-me de olhos tapados, enquanto enumero mentalmente o tempo gasto nesta brincadeira: um, dois… oito anos perdidos, de olhos fechados, duzentas, trezentas, quinhentas mil vezes de indiferença ao meu esforço, ao meu empenhamento neste árduo faz de conta. Continuo, já errante no cálculo, de cabeça contra as paredes, a deixar-te ocupar o meu quarto, a minha sala, o meu coração sem poder apanhar-te, eu a apanhada , porque no momento em que o fizer, ambos sabemos, Meu Amor, que inevitavelmente o jogo acabará.