Estou apaixonada por um assassino (II)
Todas as sextas-feiras, vou ao cinema. Como podem imaginar, sucedem-se meses de consumo de absoluta porcaria, pois não é assim tão fértil a produção cinéfila de qualidade. Contudo, nas últimas quatro semanas, surpreendentemente, a tendência inverteu-se: saíram-me quatro bons filmes na rifa. O primeiro “Destruir depois de ler”, com uma belíssima interpretação de Brad Pitt, a fazer lembrar um “Fargo” – filme que me agradou bem mais do que o afamado “Este país não é para velhos”. Depois, “Paris” do qual já aqui falei, seguido de “A Turma” também aqui referido pelo Henrique Burnay. Por fim, foi a vez de “Em Bruges”, de Martin McDonagh, com um Colin Farrell num papel que o próprio McDonagh caracterizou como sendo “de algum modo, mais sexy e perigoso do que tudo o que Colin fez antes".
Ray (Colin Farrell) e Ken (Brendan Gleeson) são dois assassinos enviados de férias para Bruges pelo seu chefe, Harry (Ralph Fiennes), na sequência de um trabalho que correu mal e em que Ray, por engano, mata um rapazinho. Tendo em vista escaparem à atenção das autoridades, estes dois personagens, habituados à adrenalina e à acção, deambulam por uma Bruges medieval, repleta de história, de cultura, de recantos e pormenores. A nostalgia do cenário mistura-se, então, com os protagonistas do filme. Os contrastes – prepositados – são a ironia e o encanto do filme: a paz da paisagem contrasta com a violência das personagens; a crueldade destas, com a sua sensibilidade; a sua malvadez com a sua ética. O tempo parece desacelerar e conceder-lhes minutos infinitos para a introspecção, fazendo que, de dentro destes “vilões”, vão surgindo características, à primeira vista, inimagináveis para o espectador: a sensibilidade de Ken, a dor de Ray, a honra de Harry...
E depois a soberba interpretação de todos e de Colin Farrell em particular, capaz de fazer qualquer coração feminino apaixonar-se por aquele assassino entediado com a pacatez da cidade Belga, indignado, quando o seu companheiro o tenta entusiasmar com a sua beleza, a fazer lembrar-me a minha própria pessoa quando alguém gaba as qualidades e vantagens do país de Angela Merkel – “vive-se melhor, ganha-se mais, é tão bonito…” – e eu, com a mesma expressão – e voz esganiçada – de horror de Farrell no filme, respondo: “O quê???? Viver na [porra] d`Alemanha? Nem morta, pá!”
Ray (Colin Farrell) e Ken (Brendan Gleeson) são dois assassinos enviados de férias para Bruges pelo seu chefe, Harry (Ralph Fiennes), na sequência de um trabalho que correu mal e em que Ray, por engano, mata um rapazinho. Tendo em vista escaparem à atenção das autoridades, estes dois personagens, habituados à adrenalina e à acção, deambulam por uma Bruges medieval, repleta de história, de cultura, de recantos e pormenores. A nostalgia do cenário mistura-se, então, com os protagonistas do filme. Os contrastes – prepositados – são a ironia e o encanto do filme: a paz da paisagem contrasta com a violência das personagens; a crueldade destas, com a sua sensibilidade; a sua malvadez com a sua ética. O tempo parece desacelerar e conceder-lhes minutos infinitos para a introspecção, fazendo que, de dentro destes “vilões”, vão surgindo características, à primeira vista, inimagináveis para o espectador: a sensibilidade de Ken, a dor de Ray, a honra de Harry...
E depois a soberba interpretação de todos e de Colin Farrell em particular, capaz de fazer qualquer coração feminino apaixonar-se por aquele assassino entediado com a pacatez da cidade Belga, indignado, quando o seu companheiro o tenta entusiasmar com a sua beleza, a fazer lembrar-me a minha própria pessoa quando alguém gaba as qualidades e vantagens do país de Angela Merkel – “vive-se melhor, ganha-se mais, é tão bonito…” – e eu, com a mesma expressão – e voz esganiçada – de horror de Farrell no filme, respondo: “O quê???? Viver na [porra] d`Alemanha? Nem morta, pá!”
Nota: o filme está integralmente no YouTube dividido em 13 partes. A primeira, pode ser vista aqui.
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