Uma questão de solidariedade
Ainda junto do estábulo de Millstreet, um velho nojento, de feições flácidas e bigode asqueroso, dirige-se a ele com uma intimidade repugnante, a mesma com que deve falar com a fêmea que, todos os dias, lhe limpa o chão da casa, lhe põe a comida no prato e a quem ele furtivamente apalpa o rabo, enquanto executa as tarefas:
− Anda cá, meu safado, há bocado fugiste-me! Anda cá!
E tenta acariciar os flancos de Millstreet que se esquiva, aflito, como provavelmente faz a "esposa", não vá ele, também, lembrar-se de a montar.
E puxando-lhe o focinho, ameaça lascivamente, fitando-o nos olhos:
− Seu safado! Para a próxima dou-te um beijo na boca! Seu safado! − E repete, enquanto se afasta com outros amigos caquécticos: − Um beijo na boca, ouviste?!
Eu e um rapaz com um miúdo ao colo presenciamos tudo aquilo em silêncio. Depois, volto-me para Millstreet e solidária, exclamo, em alto e bom som, indiferente a quem quer que possa ouvir:
− Irra, amigo, do que tu te safaste!
− Anda cá, meu safado, há bocado fugiste-me! Anda cá!
E tenta acariciar os flancos de Millstreet que se esquiva, aflito, como provavelmente faz a "esposa", não vá ele, também, lembrar-se de a montar.
E puxando-lhe o focinho, ameaça lascivamente, fitando-o nos olhos:
− Seu safado! Para a próxima dou-te um beijo na boca! Seu safado! − E repete, enquanto se afasta com outros amigos caquécticos: − Um beijo na boca, ouviste?!
Eu e um rapaz com um miúdo ao colo presenciamos tudo aquilo em silêncio. Depois, volto-me para Millstreet e solidária, exclamo, em alto e bom som, indiferente a quem quer que possa ouvir:
− Irra, amigo, do que tu te safaste!
© Foto e texto: Sofia Bragança Buchholz
1 Comments:
Há coisas que não se aprendem...nem se ensinam!
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