Lá em baixo, na festa popular de S. Bartolomeu, o ritmo da salsa puxa-nos para o pé de dança. Ele agarra-me pela cintura e num esforço de gingar latino embala-me ao som da música, entusiasmado. Eu resisto, rogada, num flirt adolescente divertido. Ele insiste. Desencaminha-me, consegue-me fazer rodar duas ou três vezes para logo eu me libertar, num falso recato. Alguém nos observa e dirige-se a ele. Pergunta-lhe se é de cá, se é português. Ao que ele responde que não. Um homem de fartos bigodes e cabelos grisalhos zela pelos costumes nacionais e pela honra das moças pátrias e aconselha: “Não leva a mal, mas não insista. A rapariga tem problemas.”. Ele ri-se e, irónico, sem parar de dançar, responde: “Sim, eu sei. O seu maior problema é ser minha mulher.”.
Esta coisa do Street View é gira, mas confesso que me mete muita confusão poder ver – em qualquer parte do mundo – a minha vizinha a meter a chave na porta para entrar em casa. Mesmo com a cara desfocada, eu não ia gostar.
Sei que me vai sair o Euromilhões. O verdadeiro, o genuíno, o primeiro prémio. Li “O Segredo”. Sigo as dicas todas e aguardo pacientemente [e sentada] o dia em que o cosmos se alinhe a meu favor. Pelo sacrifício da leitura, eu mereço!