segunda-feira, outubro 25, 2010

Com "O grito"...

Hoje, sou a convidada do Delito de Opinião. Vão ler, vão!

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domingo, outubro 24, 2010

‎... mas esse teu mundo era mais forte do que eu.


Rui Veloso - A Paixão

[E] foi nesse dia que percebi,
Nada mais por nós havia a fazer;
A minha paixão por ti era um lume
Que não tinha mais lanha por onde arder.

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Há dias assim...

© Foto: ? / Na foto: Kate Moss

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sábado, outubro 23, 2010

Votos

Eu, Meu Amor, não sei por que nos prega o destino esta partida. Porque razão teima em apartar-nos, quando era suposto não separar ninguém o que Deus uniu. Porque cava entre nós fossos que nos impedem de ter uma existência normal. Um relacionamento normal, uma família normal, uma vida normal. Não sei porque nos arrasta consecutivamente para esta penosa nostalgia, para esta sensação de impotência, de dor, onde as feridas − quando as tentamos a todo o custo ignorar − teimam em abrir-se e sangrar. Mesmo assim, cuidadosamente, voltamos a fechá-las, cicatriz após cicatriz, com a persistência daqueles que não desistem facilmente, com o carinho daqueles que se querem bem.
Eu, que sei de cor o azul dos teus olhos, o dourado dos teus cabelos, que te conheço desde menino, eu, Meu Amor, − mesmo que, às vezes, não pareça − prometo ser-te leal, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, durante toda a nossa vida. Ainda.

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terça-feira, outubro 12, 2010

Percebem, agora, por que não me importo de ter asas?

Foto: ? / Na foto: Miranda Kerr

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segunda-feira, outubro 11, 2010

É deixá-las passar!

Ela, sentindo-se fervilhar naquele turbilhão de sentimentos, naquela confusão de pensamentos, de emoções, resolveu fazer a coisa mais improvável para quem procura a razão como conselheira: telefonar à grande paixão da sua vida.
Ele, atendeu-a, com a voz mais bonita que alguma vez conhecera a um homem, aquela mesma que a prendera, muito antes de o conhecer fisicamente, muito antes de o ver, de conhecer o seu toque, o seu cheiro.
Depois dos cumprimentos iniciais, ela atirou sem grandes rodeios:
− Sinto-me na merda!
Não gostavam de asneiras mas ambos não se privavam de as utilizar quando só elas pareciam expressar na perfeição o que queria ser dito. Vezes sem conta haviam admitido que o amor não era difícil, não era tramado, não era complicado, o amor, esse só podia mesmo ser fodido!
Ele quis saber:
− Física ou emocionalmente?
Ela confessou com a voz embargada:
− Emocionalmente.
Há uns anos atrás, aquele seria o momento de ele mudar de assunto, começar a falar do tempo, dos CD`s que lhe tinham oferecido ou de outra coisa qualquer e, em última instância, se se sentisse muito encurralado, sem saber o que fazer com todo aquele tremelicar de voz, com aquele beicinho feminino, bater em retirada, justificando-se com trabalho.
Contudo, passados todos aqueles anos, solidarizando-se com ela, ironizou:
− Oh pá, esse é o meu departamento! Disso posso falar com experiência de causa! − E adivinhou-se-lhe o esboço de um sorriso empático.
Ela perguntou-lhe:
− Quais são os meus maiores defeitos?
Ele disse-lhe que a resposta não era simples. “É que, às vezes, os maiores defeitos são também as melhores virtudes”, afirmou sabiamente. Depois, elucidou com um exemplo: “Estás a ver quando uma mulher nos chateia?” Ela anuiu do outro lado da linha, sem contudo o verbalizar “sim, se estava!”, e ele concluiu: "É que isso aborrece-nos, mas a verdade é que ela é tão importante para nós que queremos ser chateados!
Aquela figura de estilo, rude e tosca, masculina, arrancou-lhe um sorriso enorme, pois era assim que ela se sentia, a maior chata, e era assim que se queria sentida: ser amada por isso. Por gostar ao ponto de querer ter − e dar − atenção, afecto, amor, exclusividade.
− E as minhas maiores qualidades? − Continuou.
Ele não hesitou na resposta:
− Já nem vou falar na tua beleza e inteligência porque isso é óbvio. Tens princípios, és talentosa, tens um fantástico sentido de humor o que é fundamental numa pessoa, e tens essa coisa maravilhosa, tão tua, que é andares sempre à procura de ti, andares sempre em busca de algo mais e que faz de ti uma eterna descontente. Neste processo erras apenas numa coisa: em quereres pôr sempre os ponteiros à frente, no relógio, antevendo um final menos positivo.
Ela sabia que tinha esse defeito, tinha consciência disso, mas a experiência dizia-lhe que não existiam finais felizes.
Ele falou-lhe ainda da possibilidade de nunca ser tarde para recomeçar vidas novas, dos anos que ela ainda tinha pela frente e das capacidades que tinha para mudar o futuro que, naquele momento, lhe poderia, subjectivamente, parecer menos risonho.
E, no fim, disse-lhe aquilo que ambos sabiam que não era verdade, aquilo que ambos sabiam que nunca iria acontecer, porque, como num rio que corre e passa várias vezes no mesmo lugar nunca são as mesmas as águas que por ele passam, também todas as paixões têm o seu timming, todas as decisões nos relacionamentos têm o seu tempo certo.
− Vais ver, ainda nos vamos divertir imenso, os dois!
Ela ficou em silêncio, não respondeu.
Despediram-se cordialmente, ele agradecendo ela ter ligado; ela, ele a ter ouvido. Depois riram-se deste formalismo e desligaram, prometendo como sempre faziam − às vezes até com anos de intervalo pelo meio − voltar a falar-se em breve.
Ela sentou-se na borda da cama, olhando o telemóvel, já bastante mais calma. Lembrou-se que o seu amor por aquele homem a havia, um dia, num acto tresloucado de desespero, de tentativa vã de fazer sobrepor a dor física à insuportável dor emocional, levado a arrancar, com força, um punhado de cabelo. Sorriu ao constatar o absurdo que esse episódio, agora, lhe parecia. Sorriu ao tomar consciência que a paixão é efémera e que por ela não vale a pena sofrer pois não passa de um conjunto destrambelhado de reacções químicas, obsessivo-compulsivas, que o nosso corpo produz. Levantou-se, vestiu o casaco e saiu para a rua. É deixá-las passar!

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Há dias assim...

© Foto: Bruce Weber / Na foto: Natalia Vodianova

Em que tomamos consciência que só podemos ser princesas por um dia.

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domingo, outubro 10, 2010

Encores

Se eu voltar a rir, dançar noite fora, regressar, alegre, a casa de madrugada, não faças caso; Mesmo quando não parece, Meu Amor, é em ti que penso.
Se eu experimentar outras peles, provar outras bocas, tocar outros sexos, não te importes. Eles, meu querido, – asseguro-te – jamais preencherão o teu vazio.

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Incapacidades

Há festa em tua casa. Silêncio na minha. Existem risos à tua volta, dor à minha. Brindes, luzes, vozes de crianças enchem a tua sala, o nada, a minha. Faz frio. Pôs-se o sol; foi-se, definitivamente, embora o Verão. Ficaram as ondas revoltas do oceano a rebentar na costa, galgando muros, arrancando pedaços à memória dos dias felizes nos bares de praia. Foste-te embora, [Meu Amor,] ficou a minha incapacidade para chorar.

© Foto: Sofia Bragança Buchholz

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domingo, outubro 03, 2010

O homem que não sonhava sequer o que era o amor

Se vieres sempre à mesma hora, algum tempo antes, vou começar a sentir-me feliz. Mas podes vir mais cedo!”, gracejou ele um dia, naqueles primeiros, em que se começaram a descobrir. Ela, mais cautelosa, advertiu-o que era rosa de um único jardim, mais importante ainda: que era rosa que se quer única num jardim, que se quer cuidada, regada com carinho, amada em exclusividade.
Antes de ser cativada, foi instruindo-o das regras, como se as houvesse, quando de sentimentos se trata, como se existissem certezas adquiridas quando se mexe com o coração. Ele ouviu-a, compreendeu-a e foi esperando, pacientemente, por ela, que acabou por vir todos os dias, primeiro à mesma hora, com a razão ainda a controlar, depois já um pouco mais cedo e, no fim, já muito, muito tempo antes, totalmente entregue à emoção.
Foram assim preenchendo o espaço em branco que os separava, pincelando a tela da descoberta, confessando gostos e preferências, maneiras de ser e de pensar, sorrindo como garotos, agindo como garotos, felizes como garotos, primeiro atrás de um ecrã de computador, depois em jantares românticos, depois já nos braços um do outro em quartos de hotel.
Dançaram juntos, andaram de mãos dadas, furtivamente, pela cidade, roubaram beijos um ao outro no meio da multidão, sem medo de serem vistos, não se importando com nada a não ser com estarem um com o outro, arriscando serem reconhecidos, serem, inconvenientemente, identificados. Ficaram horas acordados: oito, dez, dezasseis seguidas, mesmo quando a distância os apartava. Almoçavam juntos pelo telefone, trabalhavam juntos por e-mail, viam-se, falavam, tocavam-se pela Internet.
E o coração dela foi enchendo. Enchendo-se de dúvidas quanto às certezas que tinha como adquiridas na sua vida passada, enchendo-se de brechas por onde o amor dele foi entrando, avassaladoramente, como a água de uma barragem que rebenta; enchendo-se de afecto, de ternura, de desejo por ele.
E, quando ela, à deriva naquele turbilhão, lhe perguntou o que fazer com tantos sentimentos, o que fazer com aquele coração tão cheio, tão cheio que ansiava por ele todos os minutos, todos os segundos a que a paixão, no seu principio, tem direito, ele respondeu-lhe assim, como se fossem casados há muito, muito tempo: “vais trabalhar, deitares-te cedo, distraíres-te, ter uma vida normal”. E ela foi. Definitivamente embora da vida dele.

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Percebes, agora, por que não me importo de ter asas?

© Foto: ? / Na foto: Adriana Lima

Para voar para longe de ti.

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sexta-feira, outubro 01, 2010

O Insustentável Peso Feminino

Estou outra vez presa na teia do amor. Essa rede miudinha que apanha tudo de nós: os sentidos, a razão, o bom senso.
Estou outra vez perdida num barco sem rumo. À deriva na maré-alta, turbulenta, das emoções. Correntes de humores, vagas de sentires, ondas de paixão.
Separa-me de ti o nunca, essa distância infinita que separa aqueles que não foram feitos para ficarem juntos. Vidas atravessam-se no nosso caminho. Atrapalham-nos; impedem-nos de nos tocarmos. Erguem-se famílias entre nós! Tropeçamos em filhos, esbarramos em conjugues, sufocamos em obrigações, enquanto tentamos, inutilmente, estender os braços para nos abraçarmos. Um minuto que seja enlaçados! Um minuto, assim, efémero, inconsequente é o suficiente para ti. Um minuto, assim, descomprometido, irresponsável é o suficiente para mim: para me fazer sentir miseravelmente mal.

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