segunda-feira, março 14, 2005
domingo, março 13, 2005
Um dia no Posto Médico
Ontem gramei a pastilha de passar o dia inteiro no posto médico. Entre bocejos e olhares furtivos à televisão, lá fui matando as horas que naquele lugar se assemelham, mais do que deviam, às pilhas Duracell.
Pode parecer arrogante, mas quando me desloco a este tipo de locais entro como que numa espécie de coma social: a minha comunicação com a restante população da sala de espera limita-se a um simples “boa tarde”, pois a experiência ensinou-me que se for além disso corro o risco de passar o dia a ouvir falar de varizes e reumatismos, frieiras e esgotamentos – deles e dos restantes familiares – e de outras tantas maleitas cujos nomes fariam qualquer perito na especialidade rebolar a rir e que em nós provocam uma gargalhada contida. E isto tudo num sotaque e num volume sonoro capaz de ferir qualquer tímpano menos susceptível.
A certa altura, despertou-me do meu transe social uma voz grossa e desempoeirada vinda de um espécimen gordo e andrógeno e dei comigo de orelha levantada, qual cão perdigueiro, à caça da história que entretinha a sala. Ao que parece a mãe, pequenina e aí de uns sessenta anos a aparentarem oitenta, tinha gripe e o filho, grande e balofo, funcionário da Câmara Municipal, saíra mais cedo do emprego para a acompanhar à consulta. E todos se deleitavam com a sorte daquela progenitora em ter dado à luz um rapaz tão carinhoso e prestável, capaz de fazer tanta companhia. O quadro em si era delicioso, fazia lembrar aquela velhinha do “Viva o Gordo”, que tinha o Jô Soares como filho e que dizia constantemente por entre abraços e beijinhos: “pensá qui saí di dêntro dêla?!”. Até aqui tudo bem, a confusão começou apenas a instalar-se quando o dito rapaz se começa a queixar do tempo e a dizer que este o deixa triste e cansada. Os ouvidos da velhota zarolha, à minha frente, continuavam a traí-la e a perguntar ao filho da outra se ele tinha namorada. E os da senhora dos óculos de varejeira não deviam querer estar a acreditar e insistiam em trata-lo no masculino do singular. Foi preciso a mãe pequenina, e no alto da sua voz engripada, pôr-se em bicos de pés e dizer que não, que a filha não era um filho, e que o matulão ali à nossa frente se chamava Susana. E não foi à primeira que a Zarolha quis perceber, mas lá acabou por ceder, e culpar a trombose, que a fazia ver tão mal, e até tirou os óculos e tudo, para mostrar a “bistinha” que a levara ao engano. A Varejeira era mais expedita e ficou calada a digerir a notícia, a pensar lá para com ela que o mundo anda todo ao contrário e a jurar a si mesma que aquela Susana teria, no mínimo, um micro pénis.
E foi, então, a vez da velhinha ser atendida. Despediram as senhoras por entre pedidos de desculpas pela confusão, às quais a Susana respondeu com um “não faz mal” marialva e entrou, com andar gingão, atrás da mãe, no consultório com cada um dos seus braços roliços – mas musculados – à volta do pescoço de uma enfermeira.
Pode parecer arrogante, mas quando me desloco a este tipo de locais entro como que numa espécie de coma social: a minha comunicação com a restante população da sala de espera limita-se a um simples “boa tarde”, pois a experiência ensinou-me que se for além disso corro o risco de passar o dia a ouvir falar de varizes e reumatismos, frieiras e esgotamentos – deles e dos restantes familiares – e de outras tantas maleitas cujos nomes fariam qualquer perito na especialidade rebolar a rir e que em nós provocam uma gargalhada contida. E isto tudo num sotaque e num volume sonoro capaz de ferir qualquer tímpano menos susceptível.
A certa altura, despertou-me do meu transe social uma voz grossa e desempoeirada vinda de um espécimen gordo e andrógeno e dei comigo de orelha levantada, qual cão perdigueiro, à caça da história que entretinha a sala. Ao que parece a mãe, pequenina e aí de uns sessenta anos a aparentarem oitenta, tinha gripe e o filho, grande e balofo, funcionário da Câmara Municipal, saíra mais cedo do emprego para a acompanhar à consulta. E todos se deleitavam com a sorte daquela progenitora em ter dado à luz um rapaz tão carinhoso e prestável, capaz de fazer tanta companhia. O quadro em si era delicioso, fazia lembrar aquela velhinha do “Viva o Gordo”, que tinha o Jô Soares como filho e que dizia constantemente por entre abraços e beijinhos: “pensá qui saí di dêntro dêla?!”. Até aqui tudo bem, a confusão começou apenas a instalar-se quando o dito rapaz se começa a queixar do tempo e a dizer que este o deixa triste e cansada. Os ouvidos da velhota zarolha, à minha frente, continuavam a traí-la e a perguntar ao filho da outra se ele tinha namorada. E os da senhora dos óculos de varejeira não deviam querer estar a acreditar e insistiam em trata-lo no masculino do singular. Foi preciso a mãe pequenina, e no alto da sua voz engripada, pôr-se em bicos de pés e dizer que não, que a filha não era um filho, e que o matulão ali à nossa frente se chamava Susana. E não foi à primeira que a Zarolha quis perceber, mas lá acabou por ceder, e culpar a trombose, que a fazia ver tão mal, e até tirou os óculos e tudo, para mostrar a “bistinha” que a levara ao engano. A Varejeira era mais expedita e ficou calada a digerir a notícia, a pensar lá para com ela que o mundo anda todo ao contrário e a jurar a si mesma que aquela Susana teria, no mínimo, um micro pénis.
E foi, então, a vez da velhinha ser atendida. Despediram as senhoras por entre pedidos de desculpas pela confusão, às quais a Susana respondeu com um “não faz mal” marialva e entrou, com andar gingão, atrás da mãe, no consultório com cada um dos seus braços roliços – mas musculados – à volta do pescoço de uma enfermeira.
(9/03/2005)
sexta-feira, março 04, 2005
Düss El Dwarf: 26 de Fevereiro de 2004
Tenho saudades do meu amigo Düss. Trocou-me novamente pela hospedeira do filme da Amélie Poulain e viajou até ao Tibete. Não sei o que ele vê nela. É alta, é magra, é loira e tem mamas de plástico. Vulgo, silicone. O que verá um gnomo numa gaja assim?! Às vezes imagino-os a darem quecas, nas casas-de-banho dos aviões, e fico cheia de ciúmes. O Düss peida-se com os movimentos do coito, mas esse "Coco" é um perfume que só eu sei avaliar. Ah... antes que me interpretem mal, devo dizer que nunca fiz "aquilo" com o Düss. Não, não se "come" um amigo − a menos que sejamos canibais − , mas irrita-me ver um gnomo com uma barbie. O MEU gnomo! Ontem enviou-me uma foto da escala que fizeram na Índia: ele, ela e o Taj Mah... qualquer coisa, ao fundo. Recortei-a. Pus o Düss na parede do meu quarto, a olhar para mim, e as mamas dela, cortadas em forma de oito, no frigorífico para me lembrar que dia 8 tenho de os ir buscar ao aeroporto. Bolas, tenho saudades do Düss! E não tenho ciúmes, ouviram?! Não tenho! Foi apenas um desabafo de alguém que não tem mamas de silicone.
© Sofia Bragança Buchholz
© Sofia Bragança Buchholz
quarta-feira, março 02, 2005
Lei de Murphy nos bombeiros portugueses
O assunto é sério, eu sei. Uma tragédia para as vítimas e para as suas famílias. Mas permitam-me a constatação de que a famosa Lei filhadamãe de Murphy até na desgraça dos bombeiros se aplica.
Quase dá para dizer que “Quando morre um bombeiro português, morrem logo… mais de três!”. Ontem quatro na Mortágua (ironia do nome, ainda para mais, face à actividade das vítimas), hoje um em Guimarães.
Düss El Dwarf: _ _ de Março de 2004
Hoje estou muito cansada. Fiquei ali pregadinha à TV a ver se via o Düss. E vi. E VI! Com o smoking que eu própria lhe fiz e enviei por DHL. Deu-me uma trabalheira. Cheguei a pedir à minha irmã um blazer do colégio do meu sobrinho mais novo para me servir de modelo, mas o Simão é um gigante ao pé do Düss. Tive de improvisar. Ficou demais! As abas em cetim... de fazer inveja ao do Tom Cruise. E no fim, não vá ele tirá-lo para dançar na festa que se segue à entrega dos Óscares, pus-lhe uma etiqueta que retirei de um vestido meu Valentino.
E vê-lo ali, atrás da Catherine Zeta-Jones... (mesmo que com a idiota da hospedeira ao lado) estava lindo!
De gorro vermelho e com o meu smoking... Um charme! Para quem não sabe, os gnomos não podem tirar o gorro senão perdem poderes, mas para ser sincera até acho que lhe conferia um certo ar hip - hop - chique.
Hoje já me ligou a dizer que tinha corrido tudo bem e que o Sean − sim, esse mesmo, o que já foi James Bond − se fartou de lhe gabar o corte e o tecido do fato.
Fiquei feliz. Afinal, a vida é mesmo feita destas pequenas coisas...
© Sofia Bragança Buchholz
E vê-lo ali, atrás da Catherine Zeta-Jones... (mesmo que com a idiota da hospedeira ao lado) estava lindo!
De gorro vermelho e com o meu smoking... Um charme! Para quem não sabe, os gnomos não podem tirar o gorro senão perdem poderes, mas para ser sincera até acho que lhe conferia um certo ar hip - hop - chique.
Hoje já me ligou a dizer que tinha corrido tudo bem e que o Sean − sim, esse mesmo, o que já foi James Bond − se fartou de lhe gabar o corte e o tecido do fato.
Fiquei feliz. Afinal, a vida é mesmo feita destas pequenas coisas...
© Sofia Bragança Buchholz
Düss El Dwarf: 27 de Fevereiro de 2004
Não é fácil ter-se um amigo actor. Acreditem.
Ontem ligou-me a dizer que quer ir à cerimónia dos Óscares. O Düss em Hollywood, imaginem!
Provavelmente de mãos dadas com a "barbie" da hospedeira, e a largar gases por entre toda aquela gente "pinoca".
Mas isso nem é o pior.
Onde, diabo, arranjo eu um raio de um smoking para um gnomo??!
© Sofia Bragança Buchholz
Ontem ligou-me a dizer que quer ir à cerimónia dos Óscares. O Düss em Hollywood, imaginem!
Provavelmente de mãos dadas com a "barbie" da hospedeira, e a largar gases por entre toda aquela gente "pinoca".
Mas isso nem é o pior.
Onde, diabo, arranjo eu um raio de um smoking para um gnomo??!
© Sofia Bragança Buchholz
terça-feira, março 01, 2005
Óscares 2005: Uma injustiça… é o que é!
Como é sabido, os (medíocres) The Incredibles venceram o Shrek 2 na categoria de melhor filme de animação.
O Shrek foi o único filme em 2004 que me lembro de ter ido ver, ao cinema, três vezes e de todas elas ter soltado umas valentes gargalhadas!
Como diria o Calimero, e desta vez com toda a razão:
IT`S AN INJUSTICE!
O Shrek foi o único filme em 2004 que me lembro de ter ido ver, ao cinema, três vezes e de todas elas ter soltado umas valentes gargalhadas!
Como diria o Calimero, e desta vez com toda a razão:
IT`S AN INJUSTICE!