A crítica deve servir estes propósitos: mostrar ao autor porque razão o seu trabalho agradou ou desagradou ao crítico; levar os leitores da mesma a reflectirem sobre o trabalho do autor depois de terem lido a análise feita pelo crítico. Ora, para estes dois propósitos, é necessário que o crítico explicite os seus raciocínios, seja claro, utilize argumentos plausíveis e compreensíveis por os dois intervenientes referidos atrás. Não basta dizer que não se gosta porque é horrível ou que se adora porque é bestial. É necessário – repito – explicitar e argumentar. Esta preciosa dialéctica autor/ público (o crítico não deixa de ser também ele público) deve conduzir – e este sim, acredito ser o papel mais importante da crítica – a um aperfeiçoamento do trabalho do autor. A opinião dos outros, quando fundamentada e inteligível, é importante e conduz a uma evolução crucial do pensamento.
Ora, para que isto aconteça, o tom da mesma deve ser o certo. Caso contrário corre o risco de parecer uma acusação ou um insulto. Uma agressão pessoal. E isto, dependendo do autor visado, pode conduzir ao processo inverso ao ideal acima mencionado, entrando-se num combate violento de verborreia gratuita, em nada contributivo para o desenvolvimento das ideias.
Só mais uma nota: a crítica deve ser sempre – mas mesmo sempre – assinada. O autor deve sistematicamente saber quem a ele se dirige. Uma crítica anónima é uma opinião covarde, provocadora e por isso destituída de sentido.