sexta-feira, novembro 12, 2010

Percebes, agora, por que não me importo de ter asas?

Foto: ? / Na foto: Marisa Miller

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O meu Segredo

Estou aqui. Do outro lado do mundo, à tua espera.
Para lá de mares e de terras, de rios e de florestas, de gentes estranhas… à tua espera.
Anseia nos meus dedos, enquanto te aguardo, a saudade do toque dos teus. Conto por eles as horas para saber de ti, os dias para te [re]ver. Para me voltar a aninhar nos teus braços e o tempo parar. Como nos livros. Tu [Meu Amor] és o meu segredo.

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quinta-feira, novembro 11, 2010

Venha o diabo e escolha

Em Portugal oiço o orgasmo histriónico do namorado da vizinha de cima; na Alemanha, o vizinho esganiçado a cantar em turco.

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quarta-feira, novembro 10, 2010

I'm one of your secrets


Seal - Secret

I belong to you,
Yes, I belong to you;
I belong to you...
And you belong to me.

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Há dias assim...

Alba Molina e Manuel Molina - Bulerias

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O Grito

No início, quase parecia uma pergunta filosófica: interroguei-me de onde vinha, quem o dava, por que razão. Era um grito intenso, assustador, forte, sofrido. Durava uns segundos, o que fazia com que o alarme inicial que me provocava nem sequer tivesse tempo de ser investigado ou socorrido, pois logo se instalava, de novo, a calma. Mas naquela fracção de tempo a casa tremia, as paredes tornavam-se de papel, trespassadas por aquele som angustiante, o meu coração acelerava de pânico e os meus cinco sentidos disparavam em alerta: Que raio era aquilo?!
Depois, com o tempo, fui-me habituando. A experiência dizia-me que nada de mal dali advinha, que aquele horror era passageiro e inconsequente, que daria lugar novamente à calma e à ordem. Apercebi-me, contudo, que não era a horas certas. Umas vezes à tarde, outras de madrugada, outras aos fins-de-semana de manhã, era aleatória a sua exclamação. Previsível era a rotina que se lhe seguia e em que comecei a reparar: um descer de escadas, um bater da porta da entrada, um ligar de carro na rua.
Um dia, a curiosidade foi mais forte do que eu e segui-o. Depois de o ouvir, colei o olho à mira da porta, espiando as escadas do prédio. Vi-o descer descontraído, assobiando, aliviado. Vi um homem alto, entroncado, ligeiramente calvo, mas de viris braços peludos, aquele mesmo que um dia, à entrada de casa, vira roubar um beijo à cinquentona inquilina de cima e percebi finalmente o porquê de todo aquele clamar: aquele grito de dor, de aflição, de tormento, mais não era do que o orgasmo histriónico do histriónico namorado da vizinha.

Originalmente. postado aqui

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segunda-feira, novembro 08, 2010

Constatações

Estou na Alemanha. Na sexta-feira, em Berlim, aproveitei para espreitar a loja da famosa marca de lingerie "Agent Provocateur". Tomei consciência que uma roupinha daquelas sexys de empregada doméstica custa, no mínimo, três salários mensais de qualquer "Rosa Maria" pátria. Deve ser por isso que, por cá, ter uma empregada é um luxo. As "fardas" devem ter a sua quota-parte nisso.

Agent Provocateur - Maid Fetish

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Eu ainda sou da família desta miúda

quarta-feira, novembro 03, 2010

Percebes, agora, por que não me importo de ter asas?

Foto: ? / Na foto: Leatitia Casta

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terça-feira, novembro 02, 2010

O Vendedor de Sonhos

És um verme, daqueles pequeninos, sem coluna vertebral. Sem palavra, rastejas à minha volta deixando um rasto viscoso, nojento, incomodativo que, dedicadamente, eu limpo com o meu amor incondicional por ti. Sem coragem, enrolas-te sobre ti próprio, qual bicho-de-conta, ao primeiro toque que te é desconfortável. Eu protejo-to, maternal, com as mãos em concha, como se de uma pérola rara te tratasses, recebo-te no meu seio, no meu leito. Deixo-te viver nos meus cabelos, na minha púbis, na minha pele, qual parasita. Suporto estoicamente o prurido que me provocas, aguento as pápulas feias, vermelhas, enormes que me ferras na epiderme. Às vezes, chego a coçar-me até sangrar, mas tu não percebes, porque escolho a área onde não estás naquele momento: se te perdes entre as minhas coxas, esgadanho a cara, a cabeça, o pescoço; se te focas nos meus olhos, arranco a carne do corpo, deixo os ossos à vista, expostos à minha dor. Nada me alivia a não ser as tuas palavras: esse verbo redondo, floreado, repleto de mesuras e salamaleques como o dos charlatães, unguento milagroso que deixas cair sobre mim com a perícia de um experiente vendedor da banha da cobra.

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