Quando somos crescidos, torna-se muito mais difícil fazer novos [– verdadeiros – ] amigos.
Se não vêm do passado ou de laços familiares, raros são aqueles que nos abrem as portas de casa, nos recebem com gosto, cozinham para nós, nos deixam partilhar das gargalhadas e dos beijos repenicados dos filhos, nos telefonam a saber como estamos, ou cuidam de nós quando ficamos doentes. Sem interesse, sem nos cobrarem por isso, sem nos fazerem exigências; por pura dádiva.
Quando somos crescidos, raros [– muito raros –] são aqueles que podemos considerar "portos seguros", onde podemos ancorar o nosso sono quando estamos cansados, adormecendo indefesos, vulneráveis, expostos, abandonados de nós mesmos nos sofás das suas salas.
Raros são os amigos assim, quando somos adultos mas, como os seres mitológicos cuja existência pomos em causa, felizmente para nós, [– felizmente para mim –], que os há, há.