Sentada num bar em frente ao mar, com um swing perfeito nas colunas, e uma infinidade de velinhas a adornarem as rochas da praia, ela contempla o céu.
A muitos quilómetros de distância, na varanda de um quarto andar, rodeado de vizinhos a jantar por detrás das janelas, ele olha o céu.
Pelo telemóvel, lamentam não poderem estar ali, agora, juntos, abraçados, a sentir aquela brisa morna, serôdia, de Verão.
A certa altura, ele diz-lhe, deslumbrado:
– Estou a ver daqui a Estrela Polar.
Ela sorri e responde:
– Eu também.
– Está brilhante. Intensa. Linda!
– Muito! – Confirma ela, esboçando um largo sorriso como o Quarto Minguante que paira no ar.
– Está ao meu lado esquerdo, nas minhas onze horas – Informa ele.
– Onze menos cinco – corrige ela, perfeccionista.
Ele concorda.
– E, em cima da minha cabeça, estão mais três. Fazem um triângulo – é a vez dela dizer.
– Mhm, mhm – assente ele – da minha também.
– E, à frente delas, mais duas – assegura ela entusiasmada.
– E mais uma pequenina, à direita dessas – acrescenta ele de seguida, entusiasmado também.
E riem-se da situação. Riem da relatividade da distância que os aparta. De como esta se torna ínfima face à imensidão do cosmos: tantos quilómetros a separá-los, [mas] um só céu sobre as suas cabeças.