quarta-feira, janeiro 31, 2007

Brincadeiras que não se devem ter com crianças, eu sei, eu sei , mas que adultos como eu não resistem

Personagens:
• Eu
• Simão, 6 anos

Cenário:
Ao entrar no quarto do Simão, vejo o Risquinhas − o Simão costuma dormir com um tigre chamado Risquinhas − a meio caminho entre a cama e o parapeito da janela, com uma pata na borda daquela e o focinho neste, e interrogo:

− O que tem o Risquinhas? Vai-se suicidar? Atirar-se da janela? Voar do quarto andar e esborrachar-se lá em baixo?
O Simão olha atarantado para ele.
Eu, continuo, dramática:
− Está zangado com a vida? É por causa do desemprego? Da inflação? Da interrupção voluntária da gravidez?
O Simão deixa rapidamente a brincadeira em que se encontra embrenhado e apressa-se − pelo sim, pelo não − a ir deitar confortavelmente o Risquinhas bem no meio da cama, com a cabeça numa almofada que carinhosamente acomoda para ele.
Depois ri-se e garante:
− Não. Está só a dormir.

Moral da História (bolas, que chata! pá!) a falar:
Que vergonha, uma senhora tão crescida ter brincadeiras tão estúpidas e tão pouco pedagógicas, que até podem induzir a comportamentos perigosos, com uma criança pequenina! Shame on you! És pior que o pai do Calvin! Depois desta, o castigo: cinco mil chibatadas!

Sobre o Caminho (X)

© da imagem: Vladstudio

As vezes ainda choro. Ainda olho para trás. Ainda sinto. Esse insustentável peso do projecto falhado. Essa irreparável dor do investimento perdido. Esse irrecuperável tempo do esforço em vão. Mas não será isso que me deterá. O caminho, Meu Amor, faz-se caminhando. Um passo depois do outro. Sempre. Para a frente.

Na imagem: Lunata “lutando” com o caminho.

terça-feira, janeiro 30, 2007

Sobre a Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez: Reflexões (III)

Parece ser consenso dos defensores do “sim” e do “não” que as mulheres que recorrem ao aborto vivenciam – carregando-a durante toda a vida – uma situação extremamente traumatizante e não desejada.
Devem, então, as mulheres em risco de a ele recorrerem serem aconselhadas, informadas e acompanhadas no sentido de poderem ser criadas condições para este poder vir a ser evitado. Ora, parece-me que em nada, absolutamente em nada, uma lei que não as condene, que não as culpabilize ainda mais afectará negativamente este processo. Antes pelo contrário: ajudá-las-á a recorrer mais cedo, sem medo e sem vergonha, às entidades competentes para tal.
Por outras palavras, o que defende o “sim”, não exclui o que defende o “não”, se todos se empenharem na implementação de um sistema de aconselhamento e acompanhamento a estas mulheres.
Também parece consenso dos defensores do “não” e do “sim” que o mundo não é perfeito e que haverá SEMPRE quem recorra ao aborto.
Uma lei que permita a estas mulheres, mais uma vez sem medo e sem vergonha, recorrerem a cuidados de saúde dignos, evitará mortes. Se não a do feto e a da mãe – como seria o ideal – pelo menos a da mãe. E, quem sabe, até a deste, se ao passarem por esse aconselhamento e acompanhamento não acabem demovidas do seu propósito.
Por tudo isto: "Sim".

domingo, janeiro 28, 2007

Hoje

Foto do filme: Match Point

Hoje fizemos amor, partilhamos cigarros e abandonamo-nos em conversas despreocupadas, no conforto do corpo um do outro.
Hoje deslizamos no branco imaculado dos lençóis do hotel de cinco estrelas, pedimos ceias nocturnas, ouvimos notícias a que não prestamos atenção;
Debicamos amendoins, saboreamos champanhe e vinho tinto, adormecemos e voltamos a acordar;
Vimos partes de filmes, pedaços de talk-shows, flashes de informação, outras vidas, em zapping.
Hoje ouvimos a cidade despertar; a água, nos canos, do acordar dos "vizinhos"; o céu clarear, lá longe, no recorte imenso da nossa janela.
Hoje tomamos o pequeno-almoço no quarto: ovos mexidos e bacon, croissants, compotas, cereais e sumos;
Lemos, descontraídos, os jornais, no canapé da suite, tocando-nos hipnoticamente, deliciosamente, ao de leve.
Hoje voltamos a abraçar-nos com força, a desapertar os botões de punho e o soutien, a respirar o mesmo ar, a mover-nos em sintonia.
Hoje ouvi-te falar como já não tinha memória, enrosquei-me no teu ombro como já não imaginava e adormeci feliz como já não achava possível.
E hoje, Meu Amor, já foi há tanto tempo!…

sábado, janeiro 27, 2007

O Düss hoje acordou assim...



Xiça, todo a suar! Com um pesadelo do caraças!

sexta-feira, janeiro 26, 2007

That`s what friends are for*

Dez dias depois de ter deixado de ser visto pela última vez e precisamente um quarto de hora depois dela ter saído, Düss El Dwarf, apareceu.
Vinha cabisbaixo, pouco falador, muito metido com os seus pensamentos.
Eu podia ter-lhe perguntado por onde andou, queixar-me do incómodo de ter tido a casa literalmente invadida por uma gnoma grávida que não conheço de parte nenhuma, inquiri-lo das suas responsabilidades no estado de tal criatura. Podia lembrar-lhe que não era fugindo que se resolviam os problemas, que os homens (e também os gnomos com mais de três anos**) se querem adultos, responsáveis e não ratos, medrosos, e que o egoísmo tem o seu limite exactamente quando interfere com a vida de terceiros.
Podia ter feito tudo isto, mas não o fiz. Pelo contrário, dirigi-me ao frigorífico, retirei de lá uma garrafa enorme de cerveja que despejei, equitativamente, em duas canecas. Estendi uma a Düss El Dwarf e outra atirei de um trago, goela abaixo. Depois, arrotei. Estridentemente, solidariamente com o meu amigo.

* titulo de uma canção de Stevie Wonder
** idade a que os gnomos atingem a maturidade

quinta-feira, janeiro 25, 2007

[Muito] treino


Depois da performance − estreia dela nas artes dramáticas − o marido, ufano, gaba-se aos amigos e família que ela, a sua mulher, foi capaz de chorar maravilhosamente bem em palco.
O que ele não sabe, nem lhe interessa, é porquê.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Mais uma vez...

... porque nunca é de mais lembrar:

Assine e Divulgue a Petição Contra a Implementação da Experiência Pedagógica TLEBS em http://www.ipetitions.com/petition/contratlebs/tlebs.html

A Petição tem já mais de 8.000 assinaturas e ficará disponível para assinatura até às 02:00 horas de quinta-feira, dia 25.01.2007.

Percebes, agora, por que é que eu não me importo de ter asas?

Na foto: Doutzen Kroes

Sobre a Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez: Reflexões (II)

terça-feira, janeiro 23, 2007

Mais Um*


Ainda me lembro do castor, ou melhor, da pele dele, enorme, branca e beije, a parecer a do monstro do “Never Ending Story”, escalpada, boiando sobre as águas escuras de uma estranha piscina da Granja que mais parecia um assustador parque temático. Ainda me lembro dele gemendo. Gemendo ruídos de castor, ou seriam gritos agonizantes de dor?…

Eu hoje acordei assim...

© Ray Caesar

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Informações a custo zero

Não é que agora pegou moda − já me aconteceu no Jumbo, já me aconteceu no Toys` u`Us − após uma compra, pedirem-nos, assim, como se não quer a coisa, como se até nem fosse muito importante, nem muita maçada para nós, o número do código postal?!
E o povinho embarca todo naquilo, inocente, e, mesmo os que estranham acabam por ceder, coitada da menina da caixa que até é muito simpática e aquilo é só para fins estatísticos (diz ela, muito vaga, que foi o que lhe disseram a ela), e nem tenho que dar o nome nem nada.
Ora, o que o povinho não sabe (e o que sabe, parece não se querer lembrar) é que por trás da simpática menina, coitada, estão grupos económicos poderosíssimos a utilizarem para estudos de mercados, a custo zero, dados importantes do consumidor. Essas estatísticas de que as meninas falam e dizem sem importância, dão, por exemplo, informações ao grupo Auchan de onde vêm os seus consumidores, possibilitando-os, vejam só!, projectar a abertura de uma nova área comercial mesmo à portinha de casa dos seus clientes. E tudo isto, friso, a custo zero! Nada de pagar a empresas especializadas, nada de pagar a pessoal para inquéritos, nada de pagar ao consumidor pela preciosa informação fornecida. Quase me atrevo a dizer que nem extra, por isto, pagam à menina da caixa.
E o pior é que hoje nos estão a pedir o código postal, amanhã o nome e o número de telefone, é que isto da habituação é tramado e quem dá uma coisa, dá outra num instante, pois o que quer é despachar-se depressa, pagar e pôr-se a andar dali, que o marido está à espera no carro e os putos insuportáveis, às turras.
Não sendo jurista, pergunto-me, até que ponto será legal usarem (e abusarem) assim da ingenuidade, desinformação e boa fé dos consumidores?!
E se legal for, olhem, garanto-vos, moral não é certamente!

Momentos de Glória (III)

© Foto:Alan Steffen

Jardins de Inverno...

Versão Infantil, no NAVEGANDO no TEMPO, já desde dia 18 de Janeiro.
Com letras, música e tudo!

sábado, janeiro 20, 2007

As usual

Depois do filme verdadeiramente brilhante que foi Match Point, Woddy Allen regressa igual a si próprio, com este Scoop. De 1 a 5, nota 3… e meio, vá.

Este mundo está perdido!


Eu ainda sou do tempo em que os homens, os verdadeiros machos − acéfalos, mas isso para o caso não interessa nada − deveriam ser feios e a cheirar a cavalo, sendo os trabalhadores da construção civil, musculados e luzidios do suor e dos efeitos do sol, um dos seus melhores ícones.
Acontece que, ontem, este mito me caiu, derradeiramente, por terra, quando vi um destes espécimes, daqueles de camisolas de alças, de tatuagem e tudo, entrar na mesma loja de cosméticos que eu, e pedir à menina com ar de habitué os costumeiros, imaginem!,
toalhetes com protector solar!
E, vulgo, não foi um, mas dois, os mitos que foram por terra, pois
tais coisas não devem, seguramente, ser compatíveis com os rendimentos que eu imaginava auferidos nesta profissão.

Gostar de homens

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Sobre a Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez: Reflexões (I)

"Quando entrei no carro, arrependi-me. A Marta estava feliz e eu pretendia fazê-la lembrar-se de um tempo que lhe custara tanto a esquecer. Que má que eu era, que egoísta. Mas a quem mais podia recorrer? À Nini, não tinha coragem. Restava-me a Marta. Ela conhecia o nome da médica, os procedimentos todos. Abortara de dois meses de gravidez e no mesmo dia estava em casa, sem os pais e os irmãos imaginarem sequer. Correra tudo bem e pagara uma fortuna. Afinal de contas era uma médica a sério, não uma “parteira” qualquer e isso tinha o seu preço. A Nini foi a Espanha, lembrei-me de repente. A Espanha eu não iria.
Pousei a cabeça no guiador do carro. Como era possível que trinta e quatro anos de convicções pudessem ser abaladas tão facilmente? Trinta e quatro anos de valores católicos por água abaixo quando me defrontava realmente com a situação. Sempre fui contra o aborto, embora não tenha ido votar no referendo, pois admitia que havia situações em que se poderia pôr em causa. Preferi abster-me. Mas, por princípio, sempre fora contra. Critiquei-o na Marta e condenei-o na Nini. Na Marta a falta de cuidado, a facilidade com que jogava com a sorte. Várias vezes lhe disse que, se não se dava bem com a pílula, deveriam usar preservativos, mas o António não queria e afinal também não foi ele quem acabou por engravidar. Na Nini, o absurdo da situação. Casada há um ano e meio, economicamente bem na vida, a planear ter filhos daqui a três e a fazer uma viagem de sonho daqui a um. Uma espécie de pequena volta ao mundo que uma gravidez inesperada iria alterar. Optou pela primeira, o que me pareceu repugnante. Fui frontal quando me pediu conselhos, não consegui ser de outra forma. O que era uma viagem comparada com um ser humano?
E agora estava eu ali, algures entre as duas. A irresponsabilidade daquela primeira vez e o medo de ter de abdicar de um homem que acreditava amar, por um filho que não planeara.


Entrei em casa da Marta, e, depois de muitas horas de conversa, chá e gargalhadas, consegui pô-la a falar do passado. Consegui saber tudo o que pretendia sem ela nunca imaginar que eu estava grávida e que punha seriamente a hipótese de fazer um aborto. Não queria que a minha vida fosse tema de conversa de café, embora soubesse que a maior parte das vezes as pessoas não o fizessem por mal. Às vezes chegava mesmo a interrogar-me se tinha verdadeiros amigos e se era realmente amiga de alguém, porque, durante toda a minha vida, nunca fora capaz de confiar assuntos que considerava sérios a outras pessoas. Só à minha irmã. Mas essa fazia parte de mim... essa era um prolongamento do meu eu.
Nessa tarde mais uma vez senti-me uma falsa amiga, pois a troco de uma declaração de confiança não confessei nada. Nem uma única palavra sobre o meu segredo. Vi-a chorar, lembrar-se de um passado que nunca esqueceria. Senti-me cruel, má, mesquinha, porque por defesa não era capaz de partilhar com ela uma dor que talvez a ajudasse de certa forma a sentir-se menos culpada. Não era a única no mundo... serviria isso de consolo?
A mim não servia e saí dali triste, muito triste, só capaz de encontrar conforto nos braços do João, que, como se adivinhasse, chegou a minha casa mais cedo nesse dia."


© Sofia Bragança Buchholz
In "De Mãos Dadas com a Perfeição", págs 82- 83;
Editorial Presença, 2003

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Simão, a fazer-me, novamente, lembrar os meus amigos quarentões*

Personagens:
• Simão, 6 anos
• Eu

Cenário:

No domingo, a vermos um programa sobre
cirurgia estética, na TVI:

Acção:
Simão [com ar de gozo e voz de desesperado]: − Doutor, preciso de SEXO!

*
Não há dúvida: é um regresso à infância. Haja paciência!

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Percebes, agora, por que é que eu não me importo de ter asas?

Na foto: Gisele Bündchen

Um subconsciente pequenino

No Médio Oriente, que mais parecia a Ásia profunda, uma equipa peculiar de voluntários − um dos quais se deslocava sempre com o filho deficiente às cavalitas, como se de um todo se tratassem − reúne esforços para pôr a salvo uma criança, perseguida por ter uma estranha particularidade − uma espécie de clítoris, pendurado no osso púbico − e uns olhos muito azuis.
A equipa engendra planos para resgatar a dita menina das mãos vis da família de ditadores que governa o país e a entregar ao avô, um chinês de pele curtida, de longos cabelos e bigodes brancos, que conduz uma engraçada mota de água, com a cabeça de um pato, e que a espera na praia para a levar para uma ilha segura.
Na blogosfera o acontecimento é seguido com particular interesse. No blog do
João Gonçalves os comentários chovem; as ideias e opiniões dos leitores surgem de todos os lados, a rodos, num entusiasmo tal, só comparável aos warblogs durante a segunda Guerra no Golfo.
Entretanto, a intriga política fervilha. O Ministro dos Negócios Estrangeiros do tal país têm um affair com outro político e a prova encontra-se na declaração de amor − com corações e tudo! − escrita a esferográfica azul, num caderno escolar pautado, que o dito Ministro me entrega por engano (sim, pelos vistos, também faço parte da tal peculiar equipa).
Ao aperceber-se do erro, este, manda as suas tropas encetarem-me uma perseguição − a mim, e à espécie de James Bond doméstico que faz de meu partner − digna de filme policial, em que enfrento tiros e fios cortantes e que acaba no posto médico de Lordelo de Ouro, lugar − ora, quem havia de dizer − neutro, isento, seguro, qual embaixada!
Aí, a equipa delineia novas estratégias e saboreia o prazer − pequenino e mesquinho − de estar na posição mais forte: Epá! Agora, temos um trunfo! Ena pá!, agora, podemos fazer chantagem! E pavoneia-se no edifício e no pátio que o circunda, enquanto lá fora, onde começa o passeio público e a estrada, o Ministro e as suas forças de elite os miram expectantes, mas impotentes.
As directivas mudam: a prioridade não é já colocar a menina a salvo, mas sim um gato preto, muito frágil e com hipotermia, para o qual é tecido a várias mãos, em turnos de vinte e quatro horas, um imenso cachecol, também preto, que o agasalhará quando passar despercebido, em frente aos inimigos, dentro de uma mala Sensonite.
Finalmente, − aleluia, haja esperança para este meu subconsciente! − mesmo antes de eu acordar, alguém, se questiona e pergunta para que se desloca sempre o outro tipo, com o filho deficiente nos ombros.

Ora bem:

Ponto 1: Que me perdoe o
João Gonçalves de ser assim arrastado para esta pequenina trapalhada, deste meu pequenino subconsciente, mas também quem é que o mandou chamar “Portugal dos Pequeninos” ao blog?!
Ponto 2: Está visto que tenho um problema mal resolvido com
gatos: são sempre frágeis e indefesos… mas, bolas, quem se lixa sempre sou eu (que tenho pesadelos)!
Ponto 3: Atenção, senhores realizadores, continuo receptiva a
propostas para argumentista! É fazerem fila!

terça-feira, janeiro 16, 2007

Tu

© Foto: Maya Vidon/ EPA

Tu que, escondido, me espias; que me lês incógnito; que, omisso, julgas que me observas... não penses que me conheces.
Tu que, com a tua passividade, te pensas esperto; que, aninhado no teu silêncio, acreditas que me podes ter… não sabes é nada.
Em cada palavra minha, existe uma ratoeira; em cada frase, uma armadilha; em cada pensamento, uma farsa; em cada rosto, muitas caras, onde caiem os inofensivos e os predadores, onde se enganam e se perdem os que se pensam sábios. Como tu. Meu Amor.

Preocupações

Foto: aqui

Bateu-me à porta esta tarde.
Diz que é amiga do Düss.
Está ali dentro, na sala, há que tempos. Diz que espera.

E o Düss, hoje, que não há maneira de aparecer?!
Pergunto-me se não andará por aí, invisível…

segunda-feira, janeiro 15, 2007

O vídeo que bloqueou a liberdade de informação brasileira

Foi este o vídeo que levou ao bloqueio do YouTube no Brasil?
Ora bolas, tenha, mas é, juízo, senhor juiz!

Nunca é de mais lembrar:

Assine e Divulgue a Petição Contra a Implementação da Experiência Pedagógica TLEBS em http://www.ipetitions.com/petition/contratlebs/tlebs.html

Assinem, divulguem, a petição on-line contra a TLEBS...

Os vossos filhos agradecem!

domingo, janeiro 14, 2007

... e vou deitar-me assim:

Eu hoje acordei assim...

Nas fotos: Ana Beatriz Barros

Regras Básicas de [Sobre]Vivência

Regra número sete:

Nunca, em alturas em que estamos emocionalmente fragilizados, aceitar ser o plano B do fim-de-semana de outra pessoa.
Sendo a segunda escolha, é provável que nos comparem constantemente com a não realizada primeira opção, acabando, inevitavelmente, por nos estragarem o nosso fim-de-semana.

homens


Quantos mais anos tenho e melhor penso que os conheço, mais me interrogo sobre o que passa pela cabeça destes, estranhíssimos, seres; o que leva estes espécimes a ter comportamentos tão incompreensíveis e absurdos?

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Percebes, agora, por que é que eu não me importo de ter asas?

Na foto: Jessica Stam

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Sobre o Amor

Não há dúvida que é muito mais apelativo escrever sobre amores sofridos do que sobre aqueles que têm − pelo menos provisoriamente − finais felizes. São eles (particularmente, aqueles capazes de nos levarem ao céu para logo nos arrastarem até ao inferno) os que mais mexem com as nossas emoções, sejam elas a felicidade, o ódio, o prazer, a dor...
Falar de amores felizes, de longos anos, implicaria falar de sentimentos contidos, de cedências, de construções baseadas na tolerância e compreensão de ambas as partes, o que parece ser uma seca e não ter piada nenhuma.
O problema que tenho vindo a tentar perceber (e, pelo que li, também a comunidade cientifica) é por que razão, tantas vezes, “embicamos” com determinada pessoa e não com outra? Por que insistimos em alguém que não nos corresponde, que nos faz sofrer?
Pois, parece que também para isto já existem respostas. E que para a ciência − aliás, como sempre − tudo não passa de um processo que visa garantir a continuidade da espécie.
Para eles, quando nos sentimos atraídos por alguém, pode ser apenas porque gostamos dos genes dessa pessoa, ou seja, o factor relevante parece ser o perfil genético. O parceiro escolhido deve ter os melhores genes possíveis, já que esses genes vão ser passados aos filhos, independentemente do carácter do seu portador ser ou não o de um filho da mãe.
A avaliação desses genes parece ser feita pelas tão faladas Feromonas ou “transportadores de excitação” (do grego fero, transportar; e de hormona, excitar) que imitem o nosso perfil genético, para que o receptor, inconscientemente, possa identificar aquele que é mais compatível com o seu.
Mas sendo assim, e devendo existir milhões de seres humanos com perfis genéticos compatíveis com o nosso, por que não “escolhemos” outra, e nos agarramos “àquela”, determinada, pessoa?
Estudos mostram que a libertação de oxitocina − a hormona que faz com que as progenitoras se sintam conectadas com as suas crias, facto imprescindível para a sobrevivência delas e responsável por quase todas as ligações sociais e formação de laços entre mamíferos − pode estar condicionada a estados emocionais e imagens mentais que armazenamos na nossa memória implícita e que orientam o gosto discriminatório que nos diz quem devemos amar. Ou seja, parece ser, então, também, esta última responsável por nos “agarrarmos” ao tal filho da mãe.
Para além disso, acredito que muitos factores psicológicos possam estar por trás dessa determinada escolha e que muitos desses amores sejam projecções dos nossos desejos. Assim uma espécie de "teimosia" (e ao mesmo tempo de fé, porque, ao serem o espelho das nossas vontades, estarão, certamente, muito perto do que pensamos ser a perfeição), em que insistimos em atribuir à pessoa amada determinadas características que gostaríamos que ela tivesse, mas que, de facto, ela não tem e que a sua indiferença e afastamento ainda mais potenciam, pois permitem-nos continuar a fantasiar.

Para a
Fernanda*

[* Este texto foi escrito em Novembro, como reflexão sobre um
post da Fernanda.
Por essa razão, a ela, é-lhe dedicado.]

Actualização

Para quem estava farto de ver o Millstreet, fica a informação que o NAVEGANDO no TEMPO foi actualizado.

Sobre o Caminho (IX)

© REUTERS/ Philippe Desmazes

Às vezes, não são as fadas a enganarem-se no caminho; é o caminho que prega partidas às fadas.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

À Conversa com Bloggers

Pedro Rolo Duarte inicia o ano à conversa com bloggers no seu programa na Antena 1, ao domingo, entre as onze horas e o meio-dia.
O primeiro a falar foi
João Gonçalves, do Portugal dos Pequeninos. O próximo será Paulo Pinto Mascaranhas.
Uma óptima rubrica para ajudar a perceber esta realidade que é a blogosfera portuguesa.

Percebes, agora, por que é que eu não me importo de ter asas?

Na foto: Izabel Goulart

Acabadinha de chegar da Germânia, com a nova colecção 2007.

Etiquetas: ,

[Un]requited love?

Diz-me, Meu Amor, − tu que és perfeito e que tudo sabes − como seria, se nunca te tivesse conhecido?
Teria, eu, muitos homens?
Daqueles que passam, por uma noite, pela nossa pele? Que vêm e vão sem deixarem vestígios no nosso corpo e na nossa vida?
Entregar-me-ia, eu, a momentos, avulso, de prazer?
Seria, eu, feliz?
Viveria sozinha?
Confiaria, eu, em algum homem?
Andaria com ele de mãos dadas?
Teria paz? Equilíbrio? Harmonia?
Um lar?… Filhos?
Acreditaria, eu, nas suas palavras?
Nos seus actos? Nas suas promessas?
Gostaria, ele, de mim?
Dormiríamos abraçados?
Proteger-me-ia, ele?
Dar-me-ia o seu afecto, o seu desejo, a sua paixão, o seu nome?
Ou, − diz-me, Meu Amor, − pelo contrário, entregar-lhe-ia eu, assim, da mesma forma, tão doentiamente e não correspondido, o meu amor?

sábado, janeiro 06, 2007

Percebes, agora, por que é que eu não me importo de ter asas? *

Na foto: Selita Ebanks

E assim foi mais um Natal.
Até para o ano!


* Com esta fotografia, despeço-me da edição especial de Natal, retomando já, na segunda-feira, a edição normal.

Düss, e os VIP´s*

Nunca, fiquem os leitores sabendo, duvidei dos conhecimentos e amizades de Düss El Dwarf, por mais incrível que possa parecer, acreditar que a fina flor do jet set mundial priva, assim, com um ser mitológico, ainda para mais um gnomo de maneiras tão rudes e hábitos tão peculiares.
Não me espanta, contudo, que após o êxito da sua estreia ao lado da belíssima Audrey Tautou, n`O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, uns tantos famosos de Hollywood e outros tantos do meio musical e artístico, passassem a fazer parte do seu círculo de amigos.
Mas o que não estava de forma alguma à espera, confesso-vos, era vê-lo numa cumplicidade quase de irmãos, daquelas de abraço sentido, de “ombro no ombro” e “give me five”, com personalidades como a que com hoje o vi.
Passeávamos à tarde em Bona, Mister Pimpim de câmara em riste, enquadrando igrejas e monumentos famosos, e eis que, ali mesmo, de um jardim ao pé de nós, mais precisamente do, do antigo parlamento, sai direito a Düss El Dwarf, numa satisfação por o ver - imaginem só! - de fazer inveja a muito homem importante, o seguinte personagem:


VIP´s*= Very Importants Politicians

Tempos Modernos

Assistir a um Seminário, em roupa interior, toalha enrolada na cabeça molhada, a fazer a depilação.
Via Internet, claro.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

O Düss hoje acordou assim...


A dizer que o frio lhe fortalece o carácter.
Que se lixe o carácter, quero o bom tempo de volta!

Nota: qualquer semelhança, na foto, do Düss El Dwarf com o Herman José, é pura coincidência.

Mister Pimpim, buscando as origens

Desenganem-se, aqueles que pensam que quem se dispõe a atravessar um oceano; se sujeita ao desconforto do jet lag; e à incompreensão de uma língua estrangeira, o faz pelos lindos olhos de um parente afastado. Não, nada disso. Geralmente, fá-lo porque quer saber mais, porque quer perceber de onde vem, quer conhecer as origens.
Foi essa a razão que me fez embarcar, um destes dias, com Düss El Dwarf e Mister Pimpim, num avião a abarrotar de uma fauna curiosa e quase indescritível – duendes de longas cabeleiras oleosas, gigantes de epiderme albina, ogres de tez cor de lama... – e voar para norte, para a terra dos gnomos, outrora lugar de densas florestas mitológicas, hoje, repleta de pequenos jardins.

E anda feliz o meu gnomo! Ele e Mister Pimpim, desde que chegámos.
Apesar do frio, as cores saudáveis coloram-lhes as faces e a boa disposição cresce proporcionalmente ao consumo de cerveja.
Exponencialmente, cresce também a emissão de gases e o débito de disparates por minuto.
Em cada jardim parece haver sempre mais um primo, um amigo, um conhecido que se junta à trupe, nesta incompreensível língua que grunhem entre si. Nem eu fazia ideia que existiam tantos: quase oitenta milhões de gnomos, calculem!
Os costumes são estranhos, e pergunto-me como seres visualmente tão desorganizados conseguem ter regras para tantas coisas: os bolos comem-se às quatro da tarde; à noite não há refeições quentes; as crianças vão a horas precisas para a cama; o banho toma-se em dias determinados...

Percebes, agora, por que é que eu não me importo de ter asas? *

Na foto: Karolina Kurkova

* Especial de Natal

terça-feira, janeiro 02, 2007

Fogo de Artifício

Apesar de estar no centro da europa, sinto-me como se estivesse em pleno Médio Oriente: lá fora, as bombas estoiram incessantemente desde a tarde de dia trinta e um, e o cheiro a queimado faz-se sentir por toda a parte.
É impressionante o entusiasmo com que os alemães fazem, literalmente, explodir euros.

Agradecimentos

Ao João Gonçalves pelo link; ao Rodrigo Moita de Deus pela recomendação: as meninas prometem continuar a dar “asas” da sua graça por aqui.

Percebes, agora, por que é que eu não me importo de ter asas? *

Na foto: Gisele Bündchen

Para o Rodrigo, que, mesmo parecendo invisíveis, mostrou saber apreciar, à primeira, umas asas.

* Especial de Natal

Deprimente (II)

É estranho, vermos a nossa fotografia, ali, num lar de idosos de um país que nem sentimos como nosso.

Deprimente (I)

Hoje, visitei a avó do S. no lar onde está internada.
Sabia que estava mal, com os seus noventa e um anos, mas é sempre mais impressionante quando o constatamos com os nossos próprios olhos e tomamos consciência da degradação que é envelhecer.
Ainda há cinco anos tomava café connosco; há vinte, passeava com o neto nas ruas de Düsseldorf e era ela a adulta e ele o miúdo; há sessenta – vejo-a, aqui, numa fotografia a preto e branco – pousava com a filha pequena, e com um leão bebé; há noventa, também ela foi bebé.
Hoje, assim o parece – de fraldas, a dormir o tempo todo e a depender exclusivamente dos cuidados dos outros –, mas sem graça e já sem a esperança que é poder crescer.

Descartável

Sabes, Meu Amor, hoje sonhei que voltavas para mim.
Acordei, por momentos, esperançada, neste novo ano que começa.
Mas ao voltar a adormecer percebi que me querias apenas e – mais uma vez – , para me falares de ti e do que te atormenta.